Uma das recomendações da resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) é ampliar o ensino de natação nas escolas e realizar atividades educativas para informar a população1. Nessa linha educativa, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) tem sido pioneira no Brasil ao desenvolver metodologia de ensino de natação com enfoque preventivo2.
A prevenção de afogamentos deve ser um dos pilares das primeiras aulas de natação à frente do ensino dos quatro nados (crawl, costas, peito e borboleta). O aluno precisa compreender as regras básicas de segurança aquática, dentre elas: nunca entrar na piscina sem supervisão, respeitar os limites de profundidade, evitar brincadeiras de empurrar e sempre comunicar o professor sobre qualquer desconforto3. A conscientização sobre esses cuidados4 reduz significativamente os riscos de acidentes e ajuda o aluno a desenvolver uma postura responsável dentro da água, autonomia para a tomada de decisões adversas e respeito ao perigo.
Saber agachar, afundar, elevar os braços para pedir ajuda e saltar na parte funda da piscina é um dos dez itens do teste de aquacidade desenvolvido para iniciantes na natação5 com o objetivo de: a) diagnosticar o nível de habilidade aquática; b) o nível de adaptação ao meio aquático do aluno; e c) acompanhar o progresso utilizando o aprendizado como forma de prevenção ao afogamento3.
Pesquisadores da UERJ reforçam que o teste de aquacidade deve ser feito no primeiro dia de aula e depois torna-se um conteúdo a ser ensinado nas aulas.
Aprender a se movimentar com segurança na piscina e na parte funda é uma etapa fundamental no processo de ensino da natação. Muitas vezes, os indivíduos se sentem inseguros quando perdem o contato dos pés com o chão e é justamente por isso que os exercícios de agachar e saltar no fundo da piscina, tirando o rosto e braços fora d’água, são tão importantes. Ademais, ensinar a controlar o corpo, dominar a respiração, ter calma para afundar e retornar à superfície fazem parte do ensino na natação + segura.
Quando o indivíduo realiza o agachar, afundar e saltar no estilo “salto canguru”, ele possibilita a transição de diferentes profundidades raso/fundo, como saltar da parte funda para a parte rasa da piscina. O indivíduo começa agachando e pegando impulso com os dois pés até que toquem o chão, realizando a impulsão para emergir à frente até que saia da área em que está ou realizando o mesmo movimento para chegar até a borda da piscina, buscando um apoio seguro.
Outro aspecto essencial é saber pedir socorro utilizando as mãos: ensinar os alunos a sinalizar corretamente em caso de dificuldade é uma medida de prevenção que salva vidas. O gesto de levantar um dos braços acima da cabeça e acenar calmamente é o sinal universal de pedido de ajuda. Esse aprendizado deve ser enfatizado desde as primeiras aulas, pois transmite ao aluno a importância de manter a calma e buscar auxílio de forma eficaz quando sentir insegurança ou fadiga6.
Busca-se ensinar com uma progressão pedagógica de maneira que, primeiro, o aluno aprenda a agachar e saltar estando na parte rasa da piscina e, gradativamente, ele é colocado em partes mais fundas para que consiga, se um dia for necessário, usar das técnicas de afundar e saltar para pedir auxílio ou reconhecer o melhor caminho para nadar e chegar na borda/área seca.
De fato, é importante ter autonomia aquática e aprender esse item do teste de aquacidade, porque ele pode ser útil não apenas nas piscinas, mas também em praias, rios e em qualquer meio aquático, possibilitando que pessoas que estão ao seu redor reconheçam que uma pessoa precisa de ajuda.
Pesquisadores australianos mencionam que é necessário aumentar o conhecimento sobre segurança na água, melhorar as atitudes, comportamentos e habilidades relacionados à segurança na água4.
Matricule-se na natação em locais que valorizam a prevenção de acidentes aquáticos!
Referências
- OMS quer mais combate a afogamentos que matam 236 mil pessoas por ano. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2025/07/1850548>. Acesso em: 24 out. 2025.
- Vasconcellos, MB. Swimming Safer: Three-Dimensional Drowning Prevention Level Test: Conceptual, Attitudinal and Procedural (CAP). Aca J Spo Sci & Med. 2(5): 2025. AJSSM.MS.ID.000551.
- Vasconcellos, Marcelo Barros. Conceitos de segurança aquática podem salvar vidas. Revista Empresário Fitness & Health. Edição 131. Dezembro de 2023.
- Leavy JE, Gray C, Della Bona M, D’Orazio N, Crawford G. A Review of Interventions for Drowning Prevention Among Adults. J Community Health. 2023 Jun;48(3):539-556.
- Vasconcellos, Marcelo Barros; Caloiero, Silvia. Utilização do teste de aquacidade como ferramenta de análise de nível do aluno iniciante de natação. Aracê, [s. l.], v. 7, n. 5, p. 21057–21079, 2025.
- SOBRASA Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático AFOGAMENTOS Emergências Aquáticas Manual resumido 2023.
