Todo ano, os gestores de academia já esperam: março mais fraco que janeiro, julho com menos alunos, dezembro praticamente morto. Mas o que antes era considerado “natural do mercado” agora precisa ser revisto. Em um cenário onde o consumidor tem mais opções, menos tempo e mais resistência ao compromisso, esperar passivamente os meses de baixa pode custar caro.
A verdade é simples: sazonalidade não pode justificar desengajamento. Se você aceitar que a queda é inevitável, seu cliente também aceitará que pode parar. E isso impacta não só a frequência, mas também a retenção, o faturamento e a imagem da sua marca.
Dados que mostram o impacto real das oscilações sazonais
Segundo o Panorama Setorial da Fitness Brasil, o trimestre de julho a setembro é o de menor movimentação nas academias, com uma queda média de 18% no volume de alunos ativos. Já o relatório da HFA reforça que nos períodos de menor frequência, a taxa de cancelamento sobe até 22% em comparação aos meses de maior procura.
Um dado interessante da IHRSA mostra que academias que têm estratégias de engajamento sazonais conseguem manter até 78% da frequência habitual mesmo nos meses historicamente fracos. Você leu certo: 78%!
Ou seja, os dados apontam claramente: a sazonalidade existe, mas ela não precisa resultar em passividade ou perda. O que falta em muitas academias é estratégia.
Soluções práticas para não deixar a academia esvaziar na baixa temporada
A seguir, trago estratégias que, quando aplicadas de forma consistente, transformam o “mês ruim” em um período de diferenciação e aproximação com os alunos:
1. Crie campanhas de engajamento e reativação específicas para o período
Campanhas como “Desafio de Inverno”, “Projeto Verão em Construção” ou “12 treinos até o Natal” funcionam porque geram propósito em meio à desmotivação.
Dê pequenas recompensas para metas simples (ex: treinar 10x no mês = brinde personalizado, treinar 3x na semana = crédito no estacionamento).
Use os dados de frequência para segmentar quem precisa de um incentivo a mais, seja um convite, uma ligação da equipe ou uma mensagem personalizada.
2. Fortaleça o relacionamento digital
Quando o cliente não vai à academia, a academia deve ir até ele. Isso significa usar o WhatsApp de forma estratégica, com conteúdos motivacionais, lembretes de metas, treinos rápidos em casa ou vídeos com os professores.
Poste nas redes sociais não apenas “aulas cheias”, mas depoimentos reais de alunos que mantiveram a consistência mesmo nas férias ou no frio.
Crie campanhas como “quem treina no frio, brilha no verão” e faça da sua comunicação um reforço de identidade.
3. Ative a sensação de pertencimento e comunidade
Monte aulas exclusivas para os mais frequentes no período de baixa: treinos secretos, experiências sensoriais, workshops de bem-estar.
Estimule desafios coletivos entre turmas ou grupos de treino (quem fizer mais check-ins no mês, quem trouxer mais amigos, etc.).
Crie um “clube dos consistentes” com nome, camiseta e destaque para quem não abandona.
4. Ofereça novos formatos e horários para adaptar à rotina do cliente
Durante as férias escolares ou mudanças sazonais no trabalho, mude sua grade de aulas ou abra horários alternativos (aulas curtas, treinos express, sessões ao ar livre).
Use pesquisas rápidas com os alunos para entender quais horários eles gostariam de ter nesse período. Isso aumenta o senso de coautoria na programação.
5. Reforce o papel do professor como motor do engajamento
Equipes desmotivadas geram ambientes frios. Em períodos de menor movimento, os professores precisam ser ainda mais proativos: chamando pelo nome, perguntando das metas, dando feedback.
Dê metas de engajamento para os colaboradores (ex: número de alunos reativados, quantidade de mensagens enviadas, elogios recebidos).
Faça campanhas internas com premiações para a equipe mais engajadora. Seus professores podem gravar vídeos com mensagens personalizadas para motivar os alunos.
A sazonalidade só é um problema para quem não tem estratégia
Academias que sobrevivem bem aos meses de baixa têm algo em comum: elas não esperam a frequência cair para agir. Elas criam estímulos antes da queda, conhecem seus clientes, se mantêm presentes e atualizadas e, principalmente, sabem que a experiência do cliente é uma construção diária, não um evento pontual.
Portanto, se a sua academia quer manter a base engajada o ano todo, é hora de transformar a sazonalidade em estratégia. Afinal, quem engaja no frio, fideliza no calor.