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Aprender a nadar para velejar com segurança

Colunista: Marcelo Barros de Vasconcellos

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Cada vez mais, as academias perceberam que precisam ensinar a nadar, não apenas para que se consiga ir e voltar de uma borda a outra. Há necessidade de ensinar os alunos a usar de forma consciente a aquacidade adquirida nas aulas para conseguir vivenciar outras modalidades aquáticas (natação artística, natação em águas abertas, polo aquático, salto ornamental, surf, mergulho, stand up, remo, canoa havaiana, kitesurf, windsurfe ou até mesmo para velejar no opitmist e dingue).

O iniciante na vela opitmist ou dingue, por exemplo, precisa saber como agir ao cair na água, quando o barco virar ou acontecer alguma outra situação que se tenha que tomar uma rápida decisão dentro d’água. Ele precisa também ser treinado para nadar por pequenas distâncias em águas abertas.

Aulas de prevenção

Segundo informações do Projeto Grael, o aprendizado da natação pode ser direcionado para ensinar alunos de vela, que ainda não sabem nadar e, por isso, não podem entrar nos barcos sozinhos com segurança. No momento que ingressam nas aulas de vela, o foco primordial deve ser sempre a segurança do aluno. Sobretudo, deve-se promover a adaptação e segurança na água, proporcionando também aprendizados como a respiração, a imersão, a flutuação e a propulsão.

Nas aulas de natação, o professor pode colocar os alunos nos tapetes flutuadores ou fazer uma aula com um bote inflável. Nesta aula o professor utiliza das situações lúdicas (cair/voltar para o barco, simular tempestade) para chamar atenção de como deve agir em águas abertas (local aquático natural do tipo lagos, rios, canal ou mar aberto).

As aulas de natação + segura para o aluno que deseja velejar + seguro irá proporcionar a ele a melhora da aquacidade e espera-se que no decorrer das aulas, o aluno adquira a competência aquática e autonomia para:

  1. saber utilizar os braços e pernas com eficiência para sustentação vertical e deslocamento;
  2. conseguir realizar a respiração aquática, apneia, flutuação horizontal, mudanças de decúbito;
  3. subir e descer na borda sozinho para simular a subida no barco;
  4. vivenciar ondas na piscina feitas pelo professor para simular as ondas em águas abertas;
  5. saber escolher a melhor direção a seguir em caso de precisar nadar.

Opinião dos instrutores

Para o instrutor Pedro Daltro, da escola de vela da Nit Sailing, a natação é muito importante na prática do esporte da vela, pois, em situações de urgência como quando o barco vira e o velejador cai na água, este deve se movimentar para realizar a manobra para desvirar o barco. Outro fator super importante é o uso do colete salva vidas/auxiliar de flutuação, pois ele desempenha papel fundamental na segurança do esporte, tanto dos adultos quanto das crianças e, nas aulas de barco a vela, devem ser fundamentais. O seu uso, de certa forma, “atrapalha” o processo de natação (velocidade e mobilidade), pois impede que o corpo do praticante afunde, mas reitero que é de suma importância na prática do esporte, que como qualquer outro, deve ter a segurança em primeiro lugar.

Desvirando o barco

Para o meu instrutor Marcelo Maia, da escola de vela Sailing, caso o barco vire, não se assuste, é uma situação que às vezes acontece.  Para desvirar o barco, devemos subir na borda do casco, segurando a bolina e jogando o peso do corpo para trás, até que o barco fique de lado. Suba então na bolina e segurando na borda do barco, jogue novamente o peso do corpo para trás até que o barco fique novamente “em pé”. Procure fazer todos esses movimentos da maneira mais suave possível, para que o barco se posicione de frente para o vento e também para que não vire para o outro lado por cima de você. Uma vez desvirado devemos usar os baldes que estão amarrados no barco para tirar a água de dentro do barco e voltar a navegar.

Marcelo acrescenta que o professor estará sempre perto, no bote, dando instruções, fazendo as correções, dando dicas, orientando na execução das manobras. Ele é o seu apoio. Em qualquer necessidade, nunca abandone seu barco – ele não afunda. Mantenha a calma e aguarde ajuda. Lembre-se de ter sempre água para beber no seu barco.

Para o instrutor do projeto Grael, Nicolas Calabrese, o mar tem uma força incontrolável pelo ser humano, por isso deve ser respeitado. Mas se somos inteligentes, podemos usar essa força ao nosso favor. O mais importante é estar prevenido de qualquer fator de risco, já que uma vez na água é mais difícil resolver os eventuais problemas. Por isso, a melhor forma de velejar seguro é conhecendo o espaço onde vamos navegar, e principalmente as condições climáticas, a previsão de tempo e de maré. Para fazer isso “de olho”, pode-se levar alguns anos. Mas com o avanço das tecnologias, uma simples pesquisa no celular ou alguns aplicativos podem nos informar, em alguns segundos, a previsão dos ventos, de chuva, a tábua de maré, o tamanho das ondas etc.

Ademais, Nicolas menciona que a vela é um esporte muito variável, ou seja, existem inúmeras possibilidades de velejar, e elas podem acontecer ao mesmo tempo em um espaço relativamente perto na distância ou no tempo. Mas a ciência e a meteorologia nos ajudam a fazer probabilidades do que pode acontecer. Para cada situação, existe um protocolo, isto é, “o que fazer”. Antes de ir para a água, devemos conferir se estamos levando todos os materiais de segurança, e deve ficar claro para a tripulação (os velejadores) o que vamos fazer frente a uma situação problema, e o principal, que manter a calma pode nos salvar de muitas situações.

Bons ventos

Velejar pode ser uma atividade tranquila de passar algumas horas do dia e/ou uma aventura rápida e de alta ação no caso do tempo mudar rapidamente.

A vela oferece uma grande oportunidade para as crianças praticarem cooperação e trabalho em equipe em um ambiente emocionante, mas sua prática também exige que os velejadores saibam lidar com barco bem pequeno1.

Na vela, a cooperação ocorre desde a ajuda na montagem e lavagem do barco até auxílio para desvirar o barco na água. Ensinar crianças a navegar com segurança desde o primeiro dia e dar sempre um bom exemplo é a chave para transformar crianças em bons velejadores e prevenir afogamentos.

Homem ao mar

Logo que meu filho começou a velejar sozinho em opitmist, presenciei o barco dele virar na Baía de Guanabara. Ele caiu na água e começou a gritar por socorro mesmo estando com colete salva vidas. Foi a primeira vez que ele estava velejando sozinho e o barco virou por cima dele. Ele conseguiu sair de debaixo do barco (recebeu treinamento do instrutor para isso) mas sua reação imediata foi a de gritar pedindo ajuda.

Quase dois anos se passaram e mesmo já velejando há bastante tempo, ainda assim, meu filho vivencia quedas do barco e necessidade de saber nadar com colete e retornar ao barco de forma tranquila e sem desespero. Além disso, para maior segurança, ele tem um apito no colete para usar caso necessite pedir ajuda.

Recomendações para velejar no opitmist

Algumas recomendações para velejar no optmist1 incluem:

  • O uso de colete salva vidas é necessário, independentemente das habilidades de natação.
  • Crianças com idade suficiente para velejar devem, inicialmente, serem treinadas e supervisionadas, a fim de evitar emaranhados, queimaduras e escoriações nas mãos e dedos.
  • As crianças devem ter experiência prévia na natação e flutuação em águas abertas.
  • Todas as crianças devem estar cientes da localização da hélice do barco de apoio e do perigo que ela apresenta.
  • Crianças devem velejar sob supervisão de outra pessoa experiente.

Ensine o seu aluno a nadar para a vida e estimule ele a desfrutar com segurança de todos os ambientes aquáticos. Boas aulas! Bons ventos!

Referências

Norman N. and Vincenten J. Protecting children and youths in water recreation: Safety guidelines for service providers. Amsterdam: European Child Safety Alliance, Eurosafe; 2008.

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