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A reengenharia das aulas coletivas

Colunista: Fernando "Fofão" Vieira

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Mais do que nunca quando entrarmos nas fases de Pós Pandemia/Quarentena, o mercado Fitness estará mais uma vez em constante mutação e renovação, mas como nunca antes na história dessa forma.

Agora as academias forçadamente pelo dito “novo normal” precisarão se reinventar, renovar, recriar, fazer uma reengenharia. Nada muito diferente das grandes e melhores empresas do mercado corporativo. Por que não aproveitar e olhar para dentro, bem de perto?  Mesmo aquelas academias com donos ou grupos de empresários que possuem dinheiro e muito crédito deverão se adequar e ter a visão do que já está acontecendo e do que virá logo à frente. Claro que poderão sempre comprar mais e mais aparelhagens e equipamentos para montarem academias em escala com arquiteturas e designs formatados, mas certamente terão que abrir mais espaços, se desfazer de alguns equipamentos e máquinas, inevitavelmente. Espaços mais amplos, bem ventilados naturalmente ou até ao ar livre serão necessários. Também precisarão investir em outros materiais essenciais protocolados para segurança de todos que não faziam parte do dia a dia. Mas acreditem: o diferencial sempre virá do ser humano! Gente cuidando de gente, provocando calor humano. As pessoas ao longo da História já superaram muitas perdas, venceram medos, ultrapassaram obstáculos e dificuldades. Bastaria lembrar das guerras, das grandes e das pequenas locais. Vamos superar tudo isso também!

As academias precisarão atentar que deverão investir mais e mais nas pessoas, nos seus clientes e profissionais, se quiserem manter seus negócios. Novos treinamentos e capacitações farão os profissionais se sentirem parte de um time vencedor, vestindo uma mesma camisa, sendo reconhecidos, crescendo e se desenvolvendo, onde todos juntos poderão exercer um forte poder na motivação, na retenção dos alunos/clientes. Poderão fazer toda diferença na hora da verdade:  a hora da entrega, a hora da emoção, a hora do encantamento do cliente!

Aulas on-line poderão fazer parte do “novo normal”, mas nada substituirá a boa e velha AULA COLETIVA PRESENCIAL! O show! O encantamento da catarse coletiva. Um vírus não acabará com esse instinto ancestral nos seres humanos. Assim como também será nos jogos esportivos, em shows, nas praias, nos cinemas, nos teatros, no carnaval etc. Não consigo imaginar o mundo sem esses entretenimentos e muito menos sem aulas coletivas.

Já falei sobre isso aqui na revista: vale a pena investir em um método eficaz, em um time efetivo de profissionais, de preferência 80% exclusivo onde todos saibam para onde a empresa está indo e onde quer chegar. Ter um TIME de profissionais mais polivalentes em modalidades de aulas coletivas, exclusivos ou quase, talvez possa diminuir a folha de pagamentos e encargos. Nesse momento, precisaremos ir além, pois os profissionais e alunos/clientes perceberam algumas ótimas vantagens nas aulas on-line. Muitas ferramentas, aplicativos e programas já existem e outros chegarão logo para integrar ainda mais alunos e professores diretamente, ao vivo, on-line, até sem a intermediação das academias. O que não mudou e não vai mudar são as sensações e emoções básicas dos seres humanos em busca de novidades, de experimentar, sentir NOVAS EXPERIÊNCIAS e viver MOMENTOS MÁGICOS.

Quando se pensar agora em formar um novo time de professores de aulas coletivas ou aproveitar alguns do time anterior à quarentena será necessário fazer um PROCESSO SELETIVO PROFISSIONAL DIFERENCIADO buscando algumas variáveis. Claro que sempre será muito importante estar atento ao currículo, formações acadêmicas especializadas, pós-graduações, Mestrado e Doutorado, mas para um profissional de aulas coletivas precisa- se de muitas outras competências. Cada vez mais deverão ter as técnicas de utilização das ferramentas tecnológicas, aplicativos, redes sociais, vídeos, postagens, habilidades de comunicação e oratória pelas câmeras que serão fundamentais para o mundo da internet. Ter o conhecimento de uma ótima progressão pedagógica para uma relação ensino-aprendizagem de cada modalidade e não menos importante precisamos observar nos profissionais suas ATITUDES E COMPORTAMENTOS essenciais. Certamente, neste momento, algumas competências estarão muito além de conhecimentos científicos, técnicas, performances, beleza física ou simpatia.

Recrutar e selecionar um time através de etapas criteriosas para identificação de talentos, de preferência com profissionais polivalentes (onde cada um seja capaz de ministrar com excelência pelo menos 3 modalidades de aulas diferentes). Melhor ainda se for um TIME EXCLUSIVO – com uma carga horária fixa mensal –salário fechado – incluindo horários para reuniões, reciclagens, possibilidade de substituições por turnos e principalmente AULAS EXTRAS ON LINE no ambiente da empresa, representando a academia. Assim, o profissional não precisará ficar “pulando de galho em galho”, de um lado para outro, sem ter a IDENTIDADE e o PADRÃO da EMPRESA. Um fato fundamental é chamar os professores para serem parceiros. Agora está na hora de todo mundo arregaçar as mangas! Profissionais e academias precisarão se unir para o mercado fitness presencial se reerguer.

O Prof. Lauro Ávila, ex coordenador da Rede Corpore – Akxe, da Estação do Corpo na Lagoa – RJ e consultor internacional, deu um exemplo muito interessante na mesa redonda do evento DINOSSAUROS DO FITNESS ESTÃO NA ÁREA: “pegando o exemplo de uma academia que hoje custe R$ 300,00 por mês com tudo incluído, o custo para o cliente será de R$ 10,00 por dia. Imaginem nesse retorno, clientes aparecerem nas recepções querendo fazer só 2 vezes na semana para não se expor muito. Só querendo fazer aulas nas terças e quintas. Vão dizer que não pode? Que não tem esse plano? Esse cliente então dará meia volta e certamente não voltará mais. Perdeu-se um cliente e perderão muitos outros”.

Lauro continua o raciocínio: “Imagine ter planos de 3 a 6 meses com a diária custando uns R$ 15,00: em oito terças e quintas no mês daria R$ 120,00 – haveria um rodízio maior, além de poder convencer o cliente, ao longo do tempo, em fazer mais vezes após o contrato firmado. Ou até mesmo o próprio cliente poderia querer fazer um upgrade para 3 dias na semana. Primeiro coloca-se o cliente para dentro. Deixa ele experimentar. Por que não?” Concluindo, Ávila disse: “Tivemos a moda de muitas churrascarias rodízio onde com preço caro e único se poderia comer de tudo. Agora muitas passaram a ser por kilo, híbridas com o rodízio completo e outra forma de pagamentos apenas para saladas, frios e comida japonesa por exemplo”.

O Prof. Dr. Mauro Guiselini -SP, em uma live este mês comigo pela WF SCHOOL citou um novo modelo de academias pelo sul do Brasil onde as aulas coletivas já estão sendo vendidas como um produto especial. Por que ficar engessado nesse modelo de preço único por tudo?  Entrar numa academia e pagar por aula que não se usa, vai ser difícil nesses tempos difíceis. Pode-se fazer pacotes especiais de aulas afins para formar um Programa Feminino. Ou um Programa para Sobrepesados e Obesos. Assim como um programa somente com aulas de ginástica localizada, com danças e ritmos, aulas de step, aulas de jump… E o profissional sendo parceiro da academia. Quanto mais aulas e mais alunos na quantidade total, mais ganhos.

Muitos clubes e academias de nicho, desde sempre, optaram por vender aulas e turmas por horários e vezes na semana. Exemplo: natação 2ª, 4ª, 6ª ou 3ª e 5ª com horário e turmas estipulados. Hidroginástica das 9:00h, hidroginástica das 19:00h. E pronto! No protocolo atual de retorno pós-quarentena só se poderá colocar 50% da capacidade da sala, da piscina, ou de qualquer outro espaço, então tenha mais opções de horários com aulas expressas. Quando acabarem as vagas daquela determinada aula, fecham-se as inscrições! Abre um outro horário e quem não puder ir ficará na fila de espera. Professores poderão ter os nomes de seus alunos em “chamadas” em suas aulas. Com as tecnologias de hoje esse controle é muito mais fácil. Caso não queiram colocar uma roleta de biometria nas portas das salas de coletivas, um tablet, simplesmente façam pequenas fichas com fichários e deixem na sala. O professor simplesmente irá controlar a cada início de aula. Assim era na saudosa Academia Fisilabor em Botafogo, no Rio de Janeiro, dividindo inclusive os clientes por níveis diferentes de aptidão física. Nunca mais vi nenhuma academia fazer isso. E os clientes amavam!

Uma outra questão que precisa ter muita atenção será com os profissionais se relacionando de forma diferente com as academias e vice-versa. A negociação das taxas de personal trainer e small groups por exemplo, precisarão ser revistas para quem fizer parte do time daquela academia. Para os personais externos tudo bem, poderão ser cobrados. Mas e para o interno? Negociem parcerias ganha-ganha. As academias deverão ficar atentas que não terão mais tantos profissionais bons disponíveis no mercado para salas de aula. Já quase não existiam antes da pandemia, quanto mais agora. Os bons profissionais já descobriram, assim como os clientes, que é possível fazer as aulas acontecerem em casa, ao vivo e on-line. O cliente sem pagar a academia e o profissional sem pagar nenhuma taxa a mais para a academia. Será mais econômico para os clientes e muito mais lucrativo para os profissionais. Várias modalidades coletivas nem precisam de equipamentos, apenas o profissional competente, o som e uma excelente trilha sonora. As que precisam de equipamentos, não oneram muito para serem adquiridos e usar em casa. Ou seja, alguns profissionais serão concorrentes diretos das academias, atraindo um número significante de clientes para as aulas on-line.

Nesse momento agora, no fechamento dessa coluna, final de junho de 2020, as academias dos Estados Unidos, principalmente na Flórida, onde tenho muitos amigos como o Prof. Marcello Valor, já estão abertas e tendo todas as modalidades de aulas coletivas funcionando. Sem obrigação de máscaras. Apenas se adequando a ter 50% da capacidade da sala.  PRONTO! Não me venham querer marcar local no chão, distanciamento etc. numa sala de aulas coletivas.  Isso não funciona em aulas coletivas com movimentos para frente e para trás, giros e deslocamentos, em um ambiente fechado, mesmo ventilado, com ar condicionado principalmente, pessoas suando, brincando, cantando, gritando como em muitas aulas coletivas acontece. Pensem comigo: ou o vírus está ali e contamina todo mundo ou não contamina mais ninguém. E lembrem que se contaminar não significa adoecer e muito menos morrer. O que adianta tanta segurança e cuidados nas academias se as pessoas precisarão circular pelas ruas, pegar transportes públicos, ônibus e metrô? No Japão, sempre houve o hábito ao longo de gerações em se usar máscaras em transportes, locais com muitas pessoas circulando, mas muito raro até hoje ver essas mesmas pessoas usando máscaras nas academias e nos esportes. Os japoneses usam as máscaras apenas quando eles estão resfriados e gripados. A preocupação é não transmitir nenhum tipo de vírus para as outras pessoas e não para se protegerem em pegar o vírus. E quem nunca já circulou, trabalhou ou fez aulas gripados?

Vejam esse link de uma rede de academias na Flórida, assim como na YMCA (Associação Cristã de Moços) nos EUA.

O mundo terá que seguir em frente. E os seres humanos em sua maioria já querem isso! Devemos pensar em voltar o mais próximo possível da normalidade, tirando algumas poucas exceções de maior risco, algumas leis governamentais mais severas, mas sabendo que viroses sempre vão e vem. Alguns adoecerão, pouquíssimos morrerão e a grande maioria nem terá os sintomas, principalmente a população mais ativa fisicamente. E a cada ano poderemos ter novos vírus chegando. Quem sabe? Muito provável! Vamos fechar toda hora? Isso não será um “novo normal” será o anormal mesmo. Se for assim, melhor então não existirem mais academias, cinemas, teatros, casa de shows, estádios de futebol e outros esportes. Pensando mais ainda, melhor não ter nenhum negócio físico. Nem precisa parar o mundo que ele já está parado. Fecha a conta e passa a régua.

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