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Dançando na corda bamba

Colunista: Fernando "Fofão" Vieira

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O preço da mesmice para empresários fitness

Você já se perguntou por que tantas academias parecem iguais? Aparelhos de musculação bem parecidos, mesmas aulas, mesmas músicas, mesmas coreografias, mesmos movimentos. Quase todas vendendo sempre os mesmos serviços, se diferenciando muitas vezes apenas pelos preços, às vezes nem isso… E mais ainda: os mesmos nomes das “aulas” de dança ditas da moda, que todos têm acesso gratuitamente até mesmo no Youtube, a qualquer momento. E o pior: letras questionáveis ecoando pelas salas sem nenhum pudor? Se você é um Empresário Fitness ou um profissional da área, este artigo vai mexer com suas convicções. Hora de repensar!

Estamos em 2025 e o cenário das aulas coletivas, principalmente de dança nas academias brasileiras, parece um grande COPIA E COLA. Enquanto isso, profissionais veteranos com décadas de experiência continuam lotando suas aulas com metodologias autorais que desafiam o tempo e as modas passageiras.

O que Regina Calil, a criadora do Aero Jazz, e Mônica Tagliari, a “Rainha da Aeróbica”, têm a nos ensinar sobre originalidade, longevidade profissional e o verdadeiro valor das aulas coletivas? Por que suas aulas continuam cheias enquanto tantas academias lutam para manter a fidelidade dos alunos?

Neste artigo, mergulhamos em questões polêmicas e fundamentais: a qualidade duvidosa das músicas nas academias, a robotização dos profissionais, a desvalorização das aulas autorais e o impacto disso tudo no bolso dos empresários e na satisfação dos clientes.

Prepare-se para reflexões sinceras sobre o futuro das aulas coletivas, depoimentos de quem está há décadas no mercado e uma provocação direta: será que sua academia está perdendo dinheiro e clientes por seguir cegamente as tendências, em vez de investir em profissionais que criam experiências únicas? Afinal, como diz Regina Calil:

“Quando eu danço, minha alma voa!”

Mas será que suas aulas estão permitindo que a alma dos seus alunos também voe, ou estão apenas reproduzindo passos mecânicos ao som de músicas questionáveis?

Regina Calil: uma jornada de sucesso na dança fitness

Regina Calil é uma referência no universo da Dança e da Dança Fitness brasileira. Hoje, aos 64 anos, ela carrega um legado impressionante que começou quando tinha apenas três anos de idade. Sua carreira profissional iniciou-se aos 16 anos, quando Joyce Ballet, prercursora do Jazz em São Paulo, apostou em seu talento. Mesmo jovem, Regina já ministrava aulas para diversos públicos:

Comecei a trabalhar com os meus 16 anos na Joyce Ballet. Ela apostou as fichas em mim e eu já comecei a dar aulas, inclusive para homens no período da noite”, relembra Regina.

Sua formação é sólida, com bases no balé clássico e no Jazz. Trabalhou com grandes nomes como Lenie Dale e JoJo Smith, coreógrafo de Nova York que trazia novidades para o Brasil. Foi na academia de Joyce que Regina conheceu seu marido, Delfio Tomaselli, o primeiro professor de ginástica localizada a entrar na primeira unidade da Joyce, causando espanto em um ambiente até então dominado por bailarinos.

Foi até um espanto porque a gente só tinha bailarinos, não tinha nenhum Profissional de Educação Física dentro da academia. E ele foi fazendo um sucesso enorme!”, conta Regina sobre a chegada de Delfio à academia.

A criação do Aero Jazz

A virada na carreira de Regina aconteceu em 1982, quando ela e Delfio viajaram para Nova York para atualizações e conheceram a aula de Jane Fonda, que ministrava ginástica localizada americana coreografada em uma igreja. Essa experiência foi transformadora e inspirou o casal a trazer novidades para o Brasil.

Coincidentemente, Joyce tinha dado uma dica para conhecermos a aula da Jane Fonda em 1982, que acontecia numa igreja. Fomos e a igreja estava lotada. Jane dava uma aula de localizada coreografada, ligando um movimento no outro. Foi algo que nos surpreendeu”, conta.

Ao retornarem ao Brasil, Delfio começou a criar a ginástica localizada coreografada, sendo pioneiro nesse formato no país. O casal abriu sua própria academia e obteve sucesso por 11 anos. Paralelamente, Regina experimentava transformar suas aulas de jazz em aulas aeróbias, sem interrupções, inspirada no método de Jane Fonda.

Em 1993, com a abertura da Fórmula Academia (hoje Bodytech), Regina implementou definitivamente o Aero Jazz, sua criação original que combina movimentos de jazz com objetivos cardiorrespiratórios. Embora tenha começado com apenas um aluno, por ser uma novidade, o método foi ganhando adeptos gradualmente.

O Aero Jazz era uma grande novidade. Comecei com um aluno, que trouxe o segundo, que trouxe o terceiro. Hoje, em 2025, trabalho em média com 50 mulheres todas as segundas e quartas na Bodytech Shopping Eldorado”, relata com orgulho.

Se ela dança, eu danço

Em abril de 2025, eu tive a oportunidade única de experimentar pessoalmente a metodologia de Regina Calil durante o evento Arnold Sports e Bem Estar em São Paulo. Ao ser convidado por ela, pude vivenciar na prática sua técnica maravilhosa. Foi uma aula extremamente gostosa de ser feita e realmente acessível para todos.

O que mais me impressionou foi sua progressão pedagógica perfeita, que leva os alunos, passo a passo, a executarem os movimentos, dos básicos aos mais avançados. Regina vai adicionando blocos, giros, técnicas mais elaboradas, e aumentando a intensidade e velocidade da música ao longo da aula, para ao final retornar à calma.

O resultado é uma verdadeira aula-show, que deixa todos com aquela sensação de dever cumprido e, principalmente, com um gostinho de quero mais. Foi fácil entender por que seu método continua fazendo tanto sucesso após tantos anos: a combinação de técnica, musicalidade e progressão pedagógica cria uma experiência única que desafia o corpo e a mente de forma extremamente prazerosa.

Da academia para a televisão

O sucesso do Aero Jazz levou Regina a ser convidada para ser jurada do programa Domingão do Faustão, função que exerceu por oito anos. Aos 58 anos, recebeu um convite surpreendente da Rede Globo para ser a coreógrafa do programa.

Fui para uma reunião extremamente breve, que durou 10 minutos. Me perguntaram se eu aceitaria ser a coreógrafa do Domingão do Faustão. Era assim: sim ou não? Eu nem questionei nada, queria muito essa oportunidade”, relembra.

Regina relembra sua trajetória na Globo: “Trabalhei na Globo por quatro anos e meio. Foi incrível! Reformulei a parte coreográfica aos domingos. Aquelas 40 mulheres tiveram que passar por uma ressignificação de movimentos, porque o Jazz era diferente das coreografias que elas tinham anteriormente”, explica.

Com a saída de Faustão para a Bandeirantes, permaneceu na Globo com Luciano Huck por quase um ano, mas recusou o convite para se mudar para o Rio de Janeiro, preferindo manter seu legado em São Paulo.

Luciano com residência no Rio e toda a vida dele no Rio, ele disse para mim: ‘Olha, se quiser continuar no programa, você tem que morar no Rio’. Como eu ia embora e largar todo o meu legado que demorou muito tempo para eu construir? Pensei em ficar dois dias no Rio, mas não deu. Infelizmente me desliguei, mas continuei com minhas aulas e todo o meu trabalho na Bodytech, sem interrupção”, explica.

Visão crítica sobre o cenário atual da dança fitness

Quando questionada sobre o panorama atual das aulas de dança nas academias, especialmente com a proliferação de formatos como Zumba e Fitdance, Regina faz uma análise criteriosa: ela observa que o perfil de dança em Nova York é mais conservador, focado no Jazz, contemporâneo e balé clássico, enquanto nos congressos internacionais há espaço para diversas modalidades.

Tanto no Brasil como fora do Brasil, temos congressos de dança onde acabo todo ano indo para uma atualização. Quando vamos para Nova York, fazemos atualização na Broadway Dance Center. Lá o perfil de dança é conservador: Jazz, contemporâneo e balé clássico. É muito difícil numa academia de dança em Nova York encontrar esse tipo de aula pré-formatada”, explica Regina.

Ela acrescenta: “Em contrapartida, quando fazemos os congressos internacionais, como o que fiz oito anos direto na Itália, em Rimini, que é um congresso maravilhoso, nesse tipo de congresso você tem aula de tudo: tem Zumba, tem Jazz, tem Hip Hop.”

Regina observa uma tendência atual: “O ser humano hoje não quer coisa difícil, quer mais praticidade, e às vezes a praticidade está ligada a aulas mais fáceis. Se você entra numa aula onde o professor tem uma didática que vai exigir mais de você, o processo pedagógico do professor vai levar você a se perder ou vai ser difícil. Nos dias de hoje, o ser humano não quer coisa difícil.”

Ela destaca o diferencial do Aero Jazz: “Eu particularmente vejo o Aero Jazz muito distante dessas modalidades, pois ele trabalha com a criatividade. Essas aulas pré-formatadas estão robotizadas. No Aero Jazz, os professores conseguem trabalhar a criatividade deles.”

Regina ressalta que sua metodologia valoriza a evolução natural do indivíduo, promovendo novas sinapses cerebrais que são fundamentais para um envelhecimento saudável. “Todas as doenças degenerativas, toda a parte motora, a parte complexa da aula exige muito reflexo, muita coordenação, destreza e, acima de tudo, a parte cognitiva. Isso fica muito restrito em aulas pré-moldadas.”

Ela também critica a qualidade das músicas utilizadas em muitas aulas de dança atuais, com letras inadequadas e conteúdos impróprios para um ambiente de academia que recebe pessoas de todas as idades e crenças.

Nas nossas aulas, vai todo tipo de público: adolescentes, pré-adolescentes, crianças, idosos, pessoas de religião católica ou evangélica. E muitas vezes toca uma música totalmente inadequada. A pessoa está ali para se divertir, para dançar, para ganhar preparo físico, e não para ouvir palavrões e conteúdos impróprios”, critica.

A visão da rainha da aeróbica Mônica Tagliari sobre as aulas autorais

Para complementar essa análise sobre o cenário atual das aulas coletivas e da dança fitness, conversamos também com a Profª. Msc. Mônica Tagliari, ex-campeã brasileira e mundial de aeróbica, carinhosamente conhecida como “Rainha da Aeróbica”. Profissional de alto nível que continua formando profissionais, ministrando cursos e aulas pelo Brasil, Mônica traz reflexões importantes sobre as aulas autorais versus os formatos padronizados que dominam o mercado atual.

Eu nasci profissionalmente ministrando aulas coletivas e grande parte da minha carreira com o público final foi através dessa via. Portanto, sou suspeita para falar, porém trago algumas reflexões”, introduz Mônica.

Ela destaca a importância do trabalho autoral como diferencial no mercado: “O trabalho autoral faz o diferencial. Tudo o que é igual vira commodity, e isso põe o mercado para baixo em termos de valorização profissional e reconhecimento do público final. Grande parte de uma geração toda fez isso acontecer. Não se apaga a história.”

Mônica aponta um problema geracional no mercado atual: “A geração já virou, estamos em 2025. Logo, existem profissionais que entraram no mercado sem ver o que é autoral e nem o que é commodity. Estão sem referência e acabam copiando o que veem nas mídias sociais e acreditando que é assim que se ministra uma aula coletiva. Eles não têm culpa.’

Sobre a desvalorização profissional, ela é enfática: “Como o mercado achatou o profissional tanto na qualidade técnica como na remuneração, não há esperança de melhores entradas financeiras para o profissional, que acaba se desmotivando na hora de se qualificar.

Mônica também critica a formação acadêmica: “A faculdade não prepara o profissional para dar aulas coletivas de qualidade. E nem tem que fazer isso. Isso se faz fora do ambiente acadêmico desde que o mundo é mundo.”

Ela observa a escassez de cursos de qualidade: “Há poucos cursos de real qualificação profissional com foco em aulas autorais, autonomia do profissional em sala, autenticidade e qualidade técnica. Só tem curso de ensinar algum método milagroso, muitas vezes duvidoso.

Um ponto importante levantado por Mônica é a confusão conceitual: “Há uma grande confusão dos profissionais entre treinamento coletivo e entretenimento coletivo. Isso desvaloriza o serviço prestado e o bolso do próprio professor.”

Sobre o impacto nas academias, ela analisa: “A academia precisa de alunos que também estão sendo impactados pela mídia do entretenimento e, quando vão à academia, inicialmente querem isso. Mas como não têm resultados (porque não é exercício qualificado), deixam de frequentar. A academia vive na corda bamba na captura de novos clientes no lugar de fazer a venda mais econômica da vida: vender de novo para o seu próprio cliente.”

Apesar dos desafios, Mônica mantém a esperança: “Eu acredito nas aulas coletivas, porém, para 2025, no meu ponto de vista, é preciso uma grande reforma que envolve proprietários e professores. A relação precisa ser horizontal entre essas duas pontas do negócio para que todos se beneficiem: alunos assíduos com resultado e felizes, academia cheia e professor qualificado faturando o que merece.”

A força das aulas autorais: o exemplo da professora Batata Dana

No cenário das aulas coletivas no Brasil, temos exemplos brilhantes de profissionais que construíram carreiras sólidas através da autenticidade e do compromisso com a qualidade. Encontrei no grande evento Tributo ao Waldyr Soares no Arnold Sports e Bem Estar Brasil a pequena grande Batata. 

Outro caso de sucesso que reforça a tese central deste artigo: aulas autorais e professores com identidade própria são o verdadeiro diferencial no mercado fitness.

Eliane Dana Ramos, carinhosamente conhecida como “Batata Dana”, é um desses exemplos extraordinários. Conheci a Batata há muitos anos. Ela vivia em todos os maiores congressos do Brasil, ENAFs, Fitness Brasil, entre outros. Eu estava no palco ministrando uma aula, lá estava Batata na fila da frente com uma energia contagiante. Em todas as aulas, de todos os professores. De tão conhecida, de tão carismática, tão técnica e vibrante, sempre era chamada ao palco para fazer junto com os maiores professores da época. Durante anos tive o privilégio de acompanhar parte de sua jornada profissional, inclusive contribuindo para o desenvolvimento de seu estilo único de ministrar aulas, algo que ela mesma reconhece como fundamental para seu sucesso.

Com 25 anos de dedicação à Companhia Atlética em São Paulo, Batata construiu uma carreira impressionante baseada na autenticidade e na constante renovação. Formada em Educação Física e com três pós-graduações (em treinamentos de musculação, administração e tratamento de dores), ela personifica o que venho defendendo: o investimento contínuo na formação e o desenvolvimento de uma identidade própria.

O que mais me impressiona na trajetória da Batata é sua capacidade de manter aulas lotadas por mais de duas décadas. Seu “Jazz 40+” é atualmente um fenômeno na academia, assim como suas aulas de Step e Flexibilidade – esta última com cinco turmas semanais e salas com 20 a 30 alunos, mesmo em horários tradicionalmente considerados “mortos” nas academias, como 10h30 da manhã.

Este é um ponto crucial para o Empresário Fitness:

Professores com identidade própria e metodologias autorais criam vínculos duradouros com os alunos, garantindo salas cheias independentemente de modismos passageiros. O investimento em profissionais como Batata Dana representa retorno consistente e de longo prazo.

Outro aspecto que merece destaque na atuação da Batata é seu compromisso social. Há 11 anos, ela mantém um projeto onde oferece gratuitamente aulas de ginástica e dança para mulheres sem condições financeiras. Este tipo de iniciativa não apenas transforma vidas, mas também fortalece a imagem da academia e cria uma conexão emocional com a comunidade, algo que nenhuma campanha de marketing consegue replicar.

Quanto à questão musical, Batata adota uma abordagem equilibrada que reforça o que sempre defendi: é possível trabalhar com músicas atuais sem apelar para conteúdos inadequados. Ela seleciona cuidadosamente seu repertório, combinando clássicos e novidades, sempre priorizando a qualidade e o respeito aos diversos públicos que frequentam suas aulas.

Um dos segredos da longevidade profissional da Batata é sua disposição para continuar aprendendo. Mesmo com toda sua experiência, ela segue sendo aluna de professores como Renata Matsuo, Rafael Trevisan, Natália Antunes e Dante Moraes. Muito Jazz, Jazz Lírico e Sapateado. Esta humildade para reconhecer que sempre há algo novo a aprender é uma lição valiosa para todos os profissionais do Fitness, principalmente essa nova geração que me parece sempre muito cansada e sem vontade de aprender mais e mais.

O caso da Batata Dana reforça minha convicção: o futuro das aulas coletivas não está em franquias padronizadas ou coreografias pré-formatadas, mas sim em professores que desenvolvem sua própria identidade e metodologia; profissionais que, como ela, Regina Calil e Mônica Tagliari, entendem que a verdadeira conexão com os alunos acontece através da autenticidade, criatividade e da constante evolução.

Para os empresários fitness, a mensagem é clara: investir em profissionais como Batata Dana, incentivando-os a desenvolverem aulas autorais e proporcionando condições para sua constante atualização, não é despesa, é um dos investimentos mais rentáveis que uma academia pode fazer. Salas cheias por 25 anos consecutivos são a prova concreta disso. Assim, como vimos em tantos artigos aqui ano passado sobre as aulas de ginástica localizada no Rio, na Bodytech, todas lotadas em todos os horários, com professores que ministram aulas há muitos anos com sucesso.

Como Batata sempre diz, e eu concordo plenamente: “Cada um deve seguir o seu próprio caminho”. Em um mercado saturado de cópias, a originalidade é o verdadeiro diferencial competitivo. E para os professores, seu exemplo nos lembra que precisamos nos reciclar constantemente, porque tudo muda: os alunos, as preferências, as técnicas. Acompanhar essas mudanças sem perder a essência é o segredo para uma carreira duradoura e significativa.

O exemplo da Batata Dana, somado aos de Regina Calil e Mônica Tagliari, forma um poderoso trio de evidências a favor das aulas autorais. Três profissionais com trajetórias distintas, mas unidas pelo mesmo princípio: a autenticidade como base do sucesso profissional.

Empresário Fitness, a pergunta que deixo é:

Você está investindo em cópias ou em originais? A resposta a essa pergunta pode definir o futuro do seu negócio!

A formação de professores e o legado

Regina Calil mostra a importância de manter seu compromisso com a formação de novos profissionais. Recentemente, realizou sua décima segunda formação de professores, capacitando, em média, 20 profissionais por turma. Nesses cursos, ela compartilha dicas de músicas, playlists importadas e técnicas para que as aulas não tenham quebras e sigam a frase musical corretamente.

Nesses cursos, eu dou dica de música, todas as playlists importadas. Muitas delas você não consegue baixar gratuitamente, você tem que comprar, mas elas obedecem a frase musical, a aula não tem quebra. Então é muito rico uma aula onde você tem uma evolução natural do indivíduo, onde ele faz novas sinapses”, explica.

Sendo assim, como a Regina, eu, Fernando Fofão, Monica Tagliari e muitos outros profissionais fitness no Brasil e no mundo temos nossas metodologias e ENSINAMOS, capacitamos, treinamos, retreinamos, damos o “pulo do gato” para profissionais e academias que querem se diferenciar e sair da mesmice e da MANADA. Basta querer investir, não apenas em aparelhos caros de musculação todos os anos (isso também está se tornando commodity).

Para os profissionais mais experientes que se sentem defasados ou consideram que seu tempo já passou, Regina tem um conselho valioso: “A primeira coisa para você não ter essa sensação é estar em forma. Quando você está em condição física, não só o seu shape, mas sua condição física propriamente dita, e tem excelência na sua desenvoltura, você consegue administrar uma atividade.”

Ela acredita que a motivação vem de dentro e que é fundamental buscar atualizações constantes. “Eu só consigo isso saindo do Brasil uma vez por ano. Quando chego nas aulas americanas e vejo aquelas pessoas de 70 anos fazendo aulas incríveis, coreografias, isso me motiva.”

O futuro das aulas de dança nas academias

Quanto ao futuro das aulas de dança nas academias, Regina é otimista:

Eu treino musculação para me manter forte o suficiente para não desistir tão cedo. O Delfio é um cara muito forte nessa área, começou a fazer musculação aos 13 anos, quando ninguém nem ligava para musculação. E é uma tecla que ele bate bastante e foi muito fundamental, principalmente quando eu fiz a fisioterapia, porque acabou associando a cinesioterapia, que é o trabalho em movimento, com força, o trabalho resistido”, conta.

Regina acrescenta: “Eu acredito que o legado que vou deixar para o futuro são as pessoas que confiaram no meu trabalho, acreditam que vale a pena seguir. Eu formo muita gente e todas as pessoas, no final, falam: ‘Que bom, eu vou continuar por anos’. São pessoas bem mais jovens que eu, então por isso acredito que realmente a veracidade do meu trabalho está nas pessoas que vão dar continuidade a esse meu legado.”

Mensagem aos Empresários Fitness

Regina Calil, do alto de seus 64 anos e mais de 40 de profissão, manda uma mensagem para os Empresários Fitness, especialmente os que consideram reduzir ou eliminar as aulas coletivas em suas academias. Ela cita o presidente da Bodytech, Luiz Urquiza, como alguém de mente aberta com quem conversa bastante, e relembra um ensinamento do professor Ricardo Delia: As aulas coletivas não deixam a academia ficar super lotada, elas dão vazão aos alunos. Se você tiver uma academia só de musculação, possivelmente não vai dar conta.

Regina enfatiza o aspecto social das aulas coletivas, fundamental para o bem-estar e o envelhecimento saudável: “As aulas coletivas têm um trabalho tão maravilhoso porque não é um trabalho individual, é um trabalho coletivo, como o nome já diz. Esse trabalho coletivo gera tantos frutos fora da academia que eles nunca deveriam deixar de ter as aulas coletivas.”

Ela conclui ressaltando a importância do relacionamento social proporcionado pelas aulas coletivas: “Para você envelhecer bem, você não pode se afastar do meio social. Você tem que se relacionar, saber que o próximo também está com dor no joelho igual à sua, que o cara gosta de encontrar você e depois vai tomar um chopp junto. É tão amplo esse leque que os donos de academia que tiverem essa visão afunilada, infelizmente, vão fugir ao mais importante do indivíduo, que é o relacionamento social.”

Conclusão e chamada à ação: um recado do professor Fernando Fofão

Para concluir este artigo, gostaria de deixar uma reflexão e um convite aos Empresários Fitness:

“Existe uma tendência forte de seguir a ‘manada’ e fazer o que todos fazem, comprando apenas as aulas da moda. Mas moda passa, e como passa! Sou professor há quase quatro décadas e já vi muitas modas passarem. Participei de algumas, mas eu não passei. Minhas aulas autorais permanecem comigo até hoje. Meus alunos, antigos e novos, não se referem às tais aulas da moda, eles se referem a mim!”

E essa é a dica para os professores também: SEJAM VOCÊS! Criem SUAS AULAS! A grande maioria dos professores atuais dessa nova geração, infelizmente passarão. Não deixarão suas marcas e seu legado. Por quê? Estão pendurados em marcas mais fortes. Os convites para grandes eventos, mídias, televisão, shows e palcos são para os nomes das grandes marcas de aulas. Essa geração de profissionais dá a mesma aula, usa a mesma coreografia, mesmas músicas, que o mundo usa e sabe. Até uma adolescente sabe dar uma aula completa dessas. Que vantagem há nisso? Que educação há nisso? Vocês ainda podem mudar isso, se diferenciando. Posso te ajudar, podemos!

Vejo tantos empresários de academias buscando novidades e diferenciais em aparelhos caros, design e cursos de gestão, mas esquecem de investir no que realmente importa: seu TIME DE PROFISSIONAIS DE COLETIVAS. Não é só contratar, mas ter EFETIVAMENTE um coordenador que entenda de coletivas, que saiba treinar e dar feedbacks.

Incentivem seus professores a CRIAREM AULAS NOVAS E AUTORAIS. Esse pode ser um grande diferencial! Podem até ter as aulas da moda na grade, mas tenham outras DIFERENTES. Saiam da mesmice do copia e cola.

Está tudo virando “xerox”, commodity. Desculpem, mas tá chato! Nem precisa de professor. Os alunos já sabem todas as coreografias do YouTube.

As músicas deveriam ser supervisionadas nas academias. Músicas com alto índice de palavrões, pornografia e apologia ao crime deveriam ser banidas das salas de aula. Vale tudo pela moda? Vale tudo pelo dinheiro?

Vocês querem ter clientes de todas as idades? Adolescentes acompanhados de pais? Pessoas religiosas e conservadoras? Elas também querem dançar e fazer aulas prazerosas, com progressão pedagógica e didática eficiente como as de Regina Calil e Mônica Tagliari. Garanto que essas pessoas FOGEM das aulas atuais com músicas de péssimo gosto.

Empresário Fitness, visite suas aulas de dança, por favor! Prestem atenção, agucem seus ouvidos e seus olhos. E saibam: sua concorrência também tem essa mesma aula, e o seu professor está dando a mesma aula da academia do seu bairro.

Pense: estar cheio não significa sucesso, saúde e fitness.  A “cracolândia” também está sempre cheia!

E não digam que não há profissionais no mercado que possam treinar ou formar esses times. Podem ser poucos, mas ELES EXISTEM! Garanto!

Vamos colher os bons frutos direto na árvore? Como diz a frase: “Em se plantando, tudo dá.” Mas não é para ontem e nem vem pronto. Tem que colocar a semente, cuidar, regar, esperar crescer, conservar, para depois colher. Esse é o investimento! E é POSSÍVEL! Infinitamente mais barato do que uma esteira ergométrica nova por ano.

Estamos no Brasil, um dos países mais criativos do mundo!

Mais informações, dúvidas, sugestões e críticas:

fofaofernando@gmail.com

Abraços do meu tamanho!

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