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O fenômeno das aulas on-line: como elas podem ajudar a salvar vidas

Colunista: João Rafael

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Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que sou a favor das academias, dos estúdios, dos negócios fitness em geral e, sem dúvida, apoio a atuação do profissional de Educação Física. Contudo, apesar de parecer que estou aqui estimulando que as pessoas saiam das academias e outros tipos de negócios do ramo e fiquem em casa sem assistência de um profissional ou sob o abrigo de um estabelecimento, é necessário lembrar que os tempos exigem alternativas viáveis e aqui faço um adendo sobre uma alternativa com um olhar mais técnico/científico e menos do ponto de vista do business, mas, sem deixar de considerá-lo nesta análise.

Sendo assim, a discussão vai girar especialmente em torno de uma necessidade de manter os níveis de condicionamento em face da saúde, sem, no entanto, esquecer da necessidade do profissional de Educação Física e, ainda, discutir uma alternativa viável de negócios às academias, Personal Trainers, profissionais de Educação Física e outros profissionais que tenham sido afetados pela Pandemia de COVID-19.

Com restrições como bloqueios plenos ou parciais das cidades, os chamados “lockdowns”, reuniões sociais restritas, fronteiras e escolas fechadas, metade da humanidade diminuiu o envolvimento cotidiano com atividade física por meses, afetando a saúde de uma parcela significativa da sociedade e infligindo consequências negativas à saúde. Nesse cenário, o exercício físico residencial (home-based exercise, termo em inglês que foi largamente difundido na ciência e na mídia) pode ser uma ação bem-vinda para manter os níveis de aptidão associados à saúde geral, sendo, inclusive, uma alternativa para os negócios fitness manterem uma carteira de clientes e até mesmo conquistar outros. Então, aqui está a discussão de breves evidências sobre o exercício físico residencial sobre a saúde humana durante e após da pandemia COVID-19.

A pandemia e a saúde da população

Em primeiro lugar, todo exercício físico é uma boa ação. Em segundo lugar, um exercício caseiro pode ser eficiente em saúde e proporcionar vantagens à saúde humana com segurança, sem quebrar a distância social necessária ao controle da COVID-19.

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Economicamente, será que essa modalidade de exercício chegou para ficar?

Fazendo-se uma menção ao vírus Sars-CoV-2, que provocou uma emergência de saúde pública e levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma pandemia [1], a consequência maior foi o aumento dos níveis de sedentarismo mundial. Esses dados são críticos, pois, em 2012 foi estimado em 5,3 milhões o número de mortes por ano devido ao sedentarismo [2]. Se pensarmos que a  pandemia aumentou os níveis de tempo sentado, home office, tempo de tela e mais inatividade, a saúde humana foi afetada com risco aumentado de depressão [3], diabetes tipo 2, câncer  [4], doença vascular e coronariana e mortalidade [5]. De fato, o exercício físico tem um papel central na saúde humana, porém, a recomendação é que um programa de exercícios precisa ter 150 minutos com intensidade moderada, ou 75 minutos com intensidade vigorosa por semana [6], então,  como podemos alcançar esses níveis com segurança durante o  isolamento? E como se autogerenciar dentro de um programa de exercícios?

Os benefícios do exercício em casa

Devido à necessidade de muitas instituições médicas em todo o mundo, os profissionais de saúde prescrevem exercícios domésticos para capacitar os pacientes a automonitorar sua jornada, contudo, no Brasil a figura do profissional de Educação Física precisa estar associada à prescrição e ao monitoramento por força de lei, e, na COVID-19, ter profissionais treinados em prescrever e monitorar exercício físico à distância, sem que as pessoas precisem sair de sua casa, é muito auspicioso, mas, por outro lado, pode ser perigoso, pois o gerenciamento do volume, intensidade, tipo e todas as outras variáveis do exercício podem ser críticos, embora estudos tenham demonstrado que o exercício caseiro tenha eficácia e segurança, o que não dispensa cautela. No entanto, os possíveis benefícios podem ser muito maiores do que os riscos, o que, se colocado em escala, leva a uma relação custo-benefício positivo para o incentivo a essa forma de exercício.

Embora, em certa medida, a prescrição de exercícios domiciliares inspire cuidados e controles, um Programa de Exercício Físico caseiro é muito desejável para prevenir múltiplas comorbidades associadas ao desenvolvimento de complicações graves após a infecção pelo COVID-19 e ter um risco aumentado de mortalidade [7]. Essas observações sugerem que um comportamento sedentário, obesidade e um sistema imunológico alterado podem ser prejudiciais para um indivíduo exposto ao coronavírus SARS-CoV-2, reforçando a necessidade de se encontrar alternativas. Os efeitos do COVID-19 em pacientes com obesidade ainda não foram bem descritos, no entanto, vários relatos identificaram a obesidade como fator de risco para internação [8] e outras comorbidades associadas ao agravo da doença e à mortalidade.

Uma outra discussão pertinente é acerca da necessidade de os negócios fitness manterem a sua carteira de clientes, a sua receita, saldar os seus compromissos e manterem-se no mercado. Neste sentido, criar um grupo de professores capazes de gerir ações como aulas on-line, prescrição por meio de um site, vídeo aulas e aplicativos, de maneira segura e eficaz poderia, ter sido uma saída viável, barata e completamente eficaz de cumprir duas metas: a primeira, mantendo os clientes ativos, pagantes, e a segunda, a manutenção, ao menos em parte, da receita, o que ajudaria a minimizar os efeitos sobre a saúde humana e empresarial que os fechamentos causaram.

Neste sentido, acredito que ainda há tempo de ser agressivo neste mercado, pois as pessoas ainda vão se manter mais reclusas e procurar alternativas para manterem-se ativas em suas residências e, o que ora fora um risco, pode tornar-se uma enorme oportunidade de conquista de clientes novos com um leque de novos serviços.

Referências bibliográficas

  1. Organization WH. WHO Director-General’s Opening Remarks at the Media Briefing on COVID-19 – 11 March 2020. World Heal. Organ. – Tech. Rep. Ser. 2020.
  2. Das P, Horton R. Physical activity—time to take it seriously and regularly. Lancet [Internet]. Elsevier Ltd; 2016;388:1254–5. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31070-4
  3. Huang Y, Li L, Gan Y, Wang C, Jiang H, Cao S, et al. Sedentary behaviors and risk of depression: a meta-analysis of prospective studies. Transl. Psychiatry. 2020.
  4. Patterson R, McNamara E, Tainio M, Sá TH de, Smith AD, Sharp SJ, et al. Sedentary behaviour and risk of all-cause, cardiovascular and cancer.pdf. 2018. p. 811–29.
  5. Stamatakis E, Gale J, Bauman A, Ekelund U, Hamer M, Ding D. Sitting Time, Physical Activity, and Risk of Mortality in Adults. J Am Coll Cardiol. 2019;73:2062–72.
  6. Júnior AL, da Silva JM, da Silva VF, Castro ACM, de Freitas RE, Cavalcante JB, et al. Multimodal HIIT is more efficient than moderate continuous training for management of body composition, lipid profile and glucose metabolism in the diabetic elderly. Int J Morphol. 2020;38.
  7. Amir E, Fatemeh J, Neda P, Ali A. Prevalence of Underlying Diseases in Hospitalized Pa- tients with COVID-19: a Systematic Review and Meta- Analysis. Arch Acad Emerg Med [Internet]. 2020;8:e35–e35. Available from: http://europepmc.org/article/MED/32232218%0Ahttps://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32232218
  8. Dietz W, Santos-Burgoa C. Obesity and its Implications for COVID-19 Mortality. Obesity. 2020. p. 1005.

 

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