Publicidade

[uam_ad id=”3500″]

Qualidade de vida sempre vai ser um ótimo “produto” para poucos?

Colunista: Thiago Villaça

Publicidade

Competência técnica, comportamental e emocional. Essa tríade tem norteado as ações da gestão de pessoas que atuam no mercado da saúde e do bem-estar, mas será que essas competências se limitam APENAS aos prestadores de serviço dessa área ou podemos extrapolar esse conceito para os consumidores dos nossos serviços e produtos a fim de encontrar uma resposta para a pergunta:

“A qualidade de vida sempre vai ser um ótimo “produto” para poucos?”

Vamos sair do óbvio e pensar, em primeiro momento, nas competências técnicas, não como habilidades, mas como barreiras. Assim como um profissional da área da saúde precisa das competências técnicas para estar habilitado para trabalhar nessa área, ao entrar na faculdade ele não as possui, ou seja, as disciplinas que ele terá de cursar até o fim da graduação representam uma barreira para ele trabalhar com o que escolheu. Neste sentido a graduação é, ao mesmo tempo, uma barreira e uma competência para atuação deste profissional.

Agora vamos transportar esse conceito de barreiras técnicas para os nossos clientes/pacientes.

Barreiras de entrada

Pense em alguém sedentário que está decidindo se vai ou não iniciar um programa de cuidados com a saúde em um local preparado para isso. As incertezas abaixo se apresentam como barreiras técnicas de quem geralmente está nessa situação:

  • Será que tenho força suficiente para frequentar aquele lugar?
  • Será que eu levo jeito ou, pelo menos, não vou “pagar mico”?
  • Eu já tentei outras vezes e nunca achei que levasse jeito para academia, por que seria diferente agora?
  • Eu não tenho coordenação, minha resistência é uma droga o que vou fazer lá?
  • Não tenho fôlego, não tenho equilíbrio, não levo jeito! Por que vou insistir em algo que sei que não funciona?

Agora pense nas barreiras comportamentais, isto é, nas competências e habilidades que esse sedentário precisa desenvolver para inserir, em definitivo, um programa de cuidados com a saúde e bem-estar na sua rotina. Transforme essas competências e habilidades em incertezas, ou seja, em questões que, ao invés de aproximar, afastam ele do objetivo:

  • Eu nunca consegui fazer atividade por muito tempo. Sempre acabo achando chato, não sei porque insisto…
  • Não vou ter tempo suficiente durante a semana. É melhor nem começar…
  • Demora muito tempo para ter resultado e se eu tiver que parar por uma semana perco tudo que ganhei…
  • Vou ter que sacrificar alguma coisa da minha rotina para encaixar a atividade física e mesmo assim corre o risco de não conseguir fazer três vezes por semana…
  • Vou ter que me privar de fazer o que gosto, comer o que tenho vontade. Acho que o ônus é muito maior do que o bônus…

Agora me responde uma coisa: os profissionais da área da saúde (que estão habilitados) estão capacitados para lidar com pessoas que fazem esse tipo de questionamento?

Tá entendendo onde estou querendo chegar? Pois é. E não para por aí.

Que barreiras emocionais esse sedentário, que está pensando em iniciar seus cuidados com a saúde enfrentaria? Que incertezas fazem parte do processo de tomada decisão? Aqui vão algumas delas:

  • Eu não pertenço àquele lugar, só tem gente diferente de mim…
  • Por que alguém que frequenta aquele lugar me aceitaria lá? Olha só pra mim!
  • Se não perder uns quilos ou ganhar uns músculos antes eu não vou ser aceito!
  • Tenho certeza de que vão me julgar pela aparência e vou ser motivo de chacota entre os professores…
  • Vai todo mundo reparar em mim, vou passar vergonha, vou sentir que estou me metendo num lugar que não faço parte… o que eu vou fazer naquele lugar?
  • Os profissionais da saúde só dão atenção para as pessoas bonitas, não vou entrar nesse lugar para passar raiva…

Se você chegou até aqui, já entendeu o tamanho do abismo que se abre entre o cliente e o produto “qualidade de vida”. E eu nem preciso perguntar se você conhece algum profissional da saúde que esteja realmente disposto a refletir tecnicamente sobre isso, muito menos se capacitar comportamental e emocionalmente pra lidar com essas barreiras.

O fato é que, abordar o tema sob a ótica das barreiras e incertezas técnicas, comportamentais e emocionais (que separam o cliente/paciente de consumir qualidade de vida) nos convida a questionar o produto “saúde” não mais pela perspectiva fisiológica, mas sim, humana!

O profissional da saúde que conseguir diminuir, através do exemplo, do discurso e do seu trabalho a distância entre o sedentarismo e a qualidade de vida imposta por essas barreiras será vitorioso na sua jornada!

Daí a grande relevância do profissional da área da saúde precisar entender mais de gente do que de saúde! De saúde até a inteligência artificial entende, mas se você quiser insistir em fazer uma especialização na área técnica ou se gabar porque tem um mestrado que te fez entender a estrutura quântica de uma mitocôndria, mas não te fez entender de GENTE, eu tenho uma péssima notícia para você: o sedentário que não está cuidando da saúde no local que você trabalha não está fugindo dos hábitos saudáveis. Está fugindo de você!

Leia outros artigos

O que achou desse artigo?

Publicidade

Publicidade

Publicidade

REF&H
Enviar