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Do CPF ao CNPJ e vice-versa

Colunista: Celso Cunha

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Na prática, trabalhamos anos buscando o capital para iniciarmos uma empreitada, tirando aquele plano do papel e assumindo riscos com o tão sonhado negócio próprio, onde boa parte das empresas já nascem endividadas, não sobrevivem aos dois primeiros anos e não preveem o custo de oportunidade de seus empreendedores que se empenham 10, 12, 14 horas diárias para que seu negócio consiga se manter num mercado cada vez mais concorrido. Não é raro não ser remunerado por esses esforços ao fechar o mês; isso porque na prática, a teoria é diferente!

Lembro de um profissional de Educação Física, aluno do MBA onde eu lecionava, ter me convidado para um “almoço tira-dúvidas”, cujo tema principal era abrir ou não o negócio próprio. Sem formalidades, fomos aos questionamentos:

Quais as suas reservas?  

Em torno de R$ 45.000,00.

Onde você trabalha e capta/converte seus clientes?

Em uma academia perto de casa, que tem bom fluxo de pessoas.

Quanto consegue capitalizar por mês?

Entre R$ 6.000,00 e R$ 8.000,00.

Qual o total de suas despesas/custos mensais?

Entre R$ 4.000,00 e R$ 5.000,00.

Qual a sua motivação para abrir um negócio próprio?

Tenho uma boa demanda por meus serviços e me sinto preparado para essa empreitada. Os clientes me encorajam e minha esposa seria minha sócia no negócio… Quero fazer diferente!

Onde seria e qual o investimento necessário para abrir esse negócio próprio?

Próximo de casa, com minhas reservas acredito que consiga preparar o local ou tomaria um empréstimo bancário que quitaria com o lucro.

Qual seria o custo fixo dessa empresa (aluguel, funcionários, IPTU, luz, água/esgoto, honorário contador, impostos…)?

Ainda não fiz esses cálculos.

Quanto você cobraria por seus serviços?

O mesmo valor que cobro hoje.


Quantas horas você trabalha por dia e quantas pretende trabalhar em seu negócio?

Em média 10 horas por dia com intervalos de duas ou três horas dependendo do dia e dos clientes de personal que atendo. Pretendo manter esses horários ou algo em torno disso.

É possível abrir um negócio próprio?

Após todas essas perguntas e mais algumas, sugeri que amadurecesse o plano e elevasse suas reservas a pelo menos o dobro para voltar a pensar nessa empreitada. Na época, um profissional do mesmo segmento capitalizava em média R$ 2.000,00 por mês; enquanto ele conseguia até quatro vezes esse montante; comprovando que estava em outro patamar. Embora suas reservas não comprovassem os números que me passou, pois, alguém que possui sobra de caixa de R$ 4.000,00/mês e o montante de suas reservas são R$ 45.000,00; ou está a menos de um ano colhendo esses resultados ou não registrou os números corretamente.

Além do caixa baixo, ele deveria considerar o custo de oportunidade do seu tempo à frente do negócio, pois deveria somar os custos e despesas do negócio aos R$ 8.000,00 que ele conseguia capitalizar por mês e ainda somar a remuneração de sua esposa que dividiria os riscos da empreitada com ele; fora isso, deveria manter em caixa pelo menos três vezes o custo fixo mensal a título de capital de giro para recorrer a ele, caso houvesse necessidade.
Ao final do almoço, retornamos a sala de aula e vida que segue.

Tempos depois, o nosso aspirante a empreendedor me contatou para um orçamento e o questionei sobre o negócio e sua vida profissional. Ele me narrou que optou pela abertura da empresa e das diversas dificuldades que enfrentou: que parte dos clientes que ele contava como certos não migraram para lá e que os custos superaram a receita. Chegava a trabalhar mais de doze horas por dia, nas mais diversas atividades como recepção, manutenção e limpeza, inclusive nos finais de semana. Que teve que encerrar o negócio por falta de verba e motivação e que o desgaste abalou sua relação e o casamento não vingou. “Acabou o milho, acabou a pipoca!”

Voltou a ofertar seus serviços à empresa onde trabalhava, para onde retornou com praticamente metade dos horários de antes e buscando retornar com os serviços de personal trainer que elevaram seu potencial de capitalização anterior.  “Eu era feliz e não sabia!”

Não sou a favor de culpar a sorte, o destino, os políticos ou o alinhamento dos planetas. Penso que até onde a vista alcança devemos prever as dificuldades e nos preparar para elas.  Avaliar friamente os números e projetá-los com isenção. Analisar a concorrência e ouvir a opinião de um profissional que esteve ou está na arena de frente para os “leões”.  A vida é feita de escolhas e após isso, a sorte está lançada e dependerá diretamente de sua capacidade de ação, reação e adaptação.

Bons negócios e boa sorte!

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