Sete. Um número simbólico. Sete dias para criar o mundo. Sete notas musicais. Sete chakras. Sete pecados capitais. A Bíblia os classificou como as maiores fraquezas humanas. A Academia DNA resolveu colecionar quase todos.
De uma casinha acolhedora no Grajaú para uma estrutura faraônica na Barra da Tijuca. De um ambiente que respirava proximidade para uma vitrine de ego e excesso. A DNA não foi a primeira a se perder no próprio crescimento, mas talvez tenha sido a que mais se afastou do que a fez chegar até ali.
O resultado? Uma das maiores celebridades da musculação brasileira, Carol Vaz, foi desligada da academia que ajudou a projetar. E a história, quando analisada pelos sete pecados capitais da gestão, se explica sozinha.
1. GULA – Crescer por fora e desnutrir por dentro:
Mais salas, mais equipamentos, mais seguidores, mais publicidade. A DNA quis (e podia) tudo. Mas esqueceu que expansão exige estrutura emocional, cultural e humana. Contratou em volume e será que delegou mal ou descentralizou sem preparo? O fato é que o time inchou e a cultura esfarelou! Carol percebeu isso muito antes de todo mundo? O fato é que, o que estamos assistindo hoje, certamente vem se alimentando desde que abriram o novo espaço!
2. AVAREZA – O medo de investir em quem realmente sustenta o nome:
Carol era marca, era força, era DNA! isso todo mundo sabe. O que a gente não sabe (e vale o questionamento) é se a expectativa do aumento da visibilidade não se converteu em valorização da marca. Será que a academia, preocupada com cifras e contenção de custos, falhou em reconhecer a importância estratégica de quem ajudava a construir autoridade, elevar o nome e ser a diferença? Uma coisa é certa: quem não investe nos pilares do próprio negócio, assiste tudo desabar pelo teto.
3. INVEJA – A sombra incomoda mais do que o calor da luz:
O brilho da Carol incomodava? Os proprietários querem mandar uma mensagem para toda equipe? Todo desligamento manda uma mensagem para as pessoas. Que mensagem é essa que querem impor para toda equipe? O fato é que, quando o talento vira ameaça, o ambiente deixa de ser profissional. A inveja, na vida pessoal, te faz se questionar e ao invés de celebrar, começamos a desconfiar sem motivo e a monitorar por paranoia! Ao invés de nos potencializar, a inveja começa a nos restringir. Será que a inveja institucional foi capaz de questionar a importância do papel da Carol na organização? O ciúme é a necessidade de controle e quando isso se torna institucional, vira o câncer da meritocracia.
4. IRA – Reações impulsivas mascaradas de decisão estratégica:
Desde quando o ambiente ficou tenso? Pequenas crises internas viraram guerras frias? Bastidores recheados de vaidade, inveja e avareza culminam em decisões irracionais. A gestão passou a ser movida por reações? Quando a raiva decide, o prejuízo é certo e o ganho é vazio!
5. SOBERBA – O sucesso subiu a cabeça e cegou o coração?
“Estamos na Barra agora.” “Olha o tamanho disso aqui.” “Somos referência nacional.” A transição do Grajaú para a Avenida das Américas foi também a transição da humildade para a arrogância? A DNA passou a se comportar como uma marca inquestionável. Mas a nova administração fez as perguntas certas? Ela se colocou na posição de quem ainda precisava provar alguma coisa? O fato é que uma mudança tão grande (de estrutura, localização, tamanho de equipe e nova administração) precisa ser recheada de dúvidas e não de certezas! Assim como um funcionário que recebe aumento pelo que produziu, ele precisa se desapegar das certezas que fizeram ele ganhar mais e se questionar a respeito das competências que precisa desenvolver para se sustentar no cargo custando mais! Cada conquista precisa de uma prova! A nova administração da DNA se colocou na humilde posição de ser questionada pela Carol?
6. LUXÚRIA – O deslumbre com a estética contribuiu para o esquecimento da essência?
O feed era impecável. Os stories, milimetricamente editados. Mas nos bastidores, a operação gritava por organização? A academia se apaixonou pela imagem e traiu a essência? O que sabemos é que nenhuma estética resiste a uma cultura adoecida, rachada e insalubre. Crescer dói, machuca, expõe feridas e promove bons e generosos atritos, mas até que ponto conseguimos sustentar o crescimento sem quebrar? A Carol, como essência, foi ferida pela estética? Certamente o quanto isso incomodava ela está na conta do que estamos vivenciando.
7. PREGUIÇA – De ouvir, de ajustar ou de cuidar?
Sinais foram dados? Conversas foram iniciadas? Alertas foram feitos? Geralmente, quem está deslumbrado com o próprio reflexo, não olha para o espelho com verdade. Faltou humildade para ouvir? Coragem para ajustar e disposição para cuidar do que realmente importava? Quando o assunto é “Gestão de Pessoas” não pode existir preguiça, é preciso enfrentar com disposição para resolver. Se a solução foi o rompimento da parceria, há de se esgotar toda e qualquer possibilidade de solução. É preciso ter em mente que “deitar com a cabeça tranquila no travesseiro” é o sintoma de que você fez todo possível para solucionar o problema. A Carol me PARECE ser esse tipo de mulher, mas será que na gestão da DNA tem esse tipo de pessoa?
PECADO INCONFESSÁVEL – Desvalorizaram quem representa a marca?
Segundo a própria Carol Vaz, ela foi humilhada! Ela era o rosto, a presença, a assinatura viva da DNA. Se o desligamento dela não foi apenas uma decisão e sim, uma declaração, o questionamento que fica é se a gestão preferiu preservar o próprio orgulho do que preservar sua conexão mais autêntica com o público.
Até o momento – quinta-feira, 10 de junho de 2025 – o único anúncio de desligamento foi da Carol, mas você acha que vai parar por aí? Se tem uma mensagem que a Bíblia cita é o da lealdade dos seguidores. Carol é uma evangelizadora fitness que não impacta apenas clientes, mas também as pessoas que trabalharam com ela. Não é difícil imaginar quem vai segui-la aonde quer que ela vá!
Agora a DNA segue seu caminho. Maior? Certamente não. Mais bonita? Também não. Mais forte? Difícil dizer. Que essa história sirva de alerta. Que a vaidade não se confunda com visão. E que o sucesso de uma academia nunca custe aquilo que fez ela ser admirada.
Afinal, não existe legado onde se expulsa quem deu identidade ao nome!