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Analfabetismo Corporal existe?

Colunista: Mauro Guiselini

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Um tema de muita discussão se diz respeito ao analfabetismo no Brasil. Em pleno século XXI, com o grande avanço tecnológico, acesso a informação, escolas disponíveis para pessoas de diferentes idades, segundo dados do IBGE divulgados em junho de 2025, o Brasil tinha 9,1 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais, o que representa uma taxa de 5,3% dessa faixa etária. O analfabetismo é a condição de uma pessoa que não sabe ler, nem escrever.

O analfabetismo funcional ocorre quando uma pessoa sabe ler e escrever palavras simples, mas não consegue interpretar textos, compreender informações básicas de leitura, escrita, e matemática no cotidiano. Ou seja, ela reconhece letras e números, mas tem dificuldade para entender instruções, resolver problemas práticos, interpretar gráficos ou realizar operações matemáticas mais complexas.

Principais características do analfabetismo funcional:

  • Dificuldade de interpretar textos simples.
  • Incapacidade de realizar operações matemáticas básicas.
  • Problemas para redigir textos coerentes.
  • Limitações para compreender informações em ambientes digitais.

Esse tipo de analfabetismo afeta o desenvolvimento pessoal, profissional e social, pois limita o acesso à oportunidade de trabalho e participação ativa na sociedade.

Um dado alarmante!

No Brasil, cerca de 29% da população entre 16 e 64 anos é considerada analfabeta funcional. Isto significa que, mesmo tendo frequentado a escola, muitos brasileiros não desenvolveram habilidades suficientes para usar a leitura, escrita e matemática de forma eficaz em situações do dia a dia.

Mais recentemente encontramos o analfabetismo digital – dificuldade de usar tecnologias como computadores e celulares.

Fugir do analfabetismo digital tem motivado milhares de adultos e idosos a aprenderem a utilizar computadores e celulares para estarem inseridos no mundo digital; é praticamente impossivel viver nos dias de hoje sem a capacidade de se comunicar, acessar as milhares de informações sem o seu dominio.

Literacy: um conceito interessante

A palavra literacy em inglês pode ser traduzida para o português principalmente como “alfabetização: a capacidade de ler e escrever”.

Mas dependendo do contexto, ela também pode significar:

  • Letramento: um conceito mais amplo que envolve não apenas saber ler e escrever, mas também compreender e usar a linguagem de forma eficaz em diferentes contextos sociais.
  • Conhecimento específico: como em computer literacy (conhecimento em informática) ou financial literacy (educação financeira).

Uso do termo “literacy” na educação

Na área educacional, o termo “literacy” evoluiu muito além do simples ato de ler e escrever. Ele passou a representar competências múltiplas que os alunos precisam desenvolver para atuar de forma crítica e eficaz na sociedade contemporânea.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil, há uma valorização crescente do letramento digital e informacional. Isso significa que os professores devem ir além da alfabetização tradicional e preparar os alunos para lidar com textos multimodais, fake news, pesquisa online, e comunicação em ambientes digitais.

Por que isso importa?

A educação moderna entende que ser “alfabetizado” hoje exige muito mais do que saber ler e escrever. É preciso compreender, interpretar, comunicar e criar em diversos formatos e contextos. Isso torna o termo “literacy” uma ferramenta poderosa para formar cidadãos críticos e participativos.

O que é Analfabetismo Corporal?

O analfabetismo corporal refere-se à incapacidade ou dificuldade de perceber, compreender e utilizar o corpo de forma consciente, coordenada e expressiva. É como se o corpo fosse uma linguagem que a pessoa não aprendeu a “ler”, nem a “escrever”.

As pessoas, não portadoras de limitações físicas, decorrentes de doenças, consideradas analfabetas corporais, são aquelas que são capazes de realizar as habilidades motoras básicas, que se estruturaram no desenvolvimento motor por volta de 7 anos, período em que elas estão incorporadas e foram aprendidas. Por inúmeras causas, que citamos a seguir, entre elas o sedentarismo, as capacidades biomotoras como a força, endurance, estabilidade/equilíbrio, potência, mobilidade/flexibilidade, coordenação motora e consciência corporal são pouco desenvolvidas.

Na prática, elas não têm o adequado desenvolvimento das capacidades biomotoras e aprendizagem/aperfeiçoamento das habilidades motoras necessárias para as adaptações específicas das demandas impostas pelo ambiente. Seriam semianalfabetas corporais?

O que é Letramento Corporal

É a capacidade de compreender, interpretar e se expressar por meio do corpo, em diferentes contextos sociais, culturais, educacionais e motores. Assim como o letramento verbal envolve ler e escrever, o letramento corporal envolve movimentar-se com consciência, comunicar-se com gestos, interpretar sinais corporais e usar o corpo como ferramenta de aprendizagem, com capacidade funcional para atender as demandas impostas pelo ambiente onde estão inseridos.

Conceito ampliado:

Assim como o analfabetismo tradicional impede a leitura e escrita, o analfabetismo corporal impede que o indivíduo:

  • Reconheça os sinais e limites do próprio corpo.
  • Execute movimentos básicos com controle e eficiência (levantar-se e sentar, correr, saltar, equilibrar-se), sem fadiga excessiva, com desejável padrão de execução.
  • Expresse emoções ou ideias por meio do corpo, de forma expressiva.
  • Tenha consciência corporal (percepção do próprio corpo) e controle da respiração.
  • Execute as atividades básicas da vida diária com autonomia e segurança.
  • Participe de atividades motoras como alternativa de lazer (jogos, brincadeiras, passeios etc.).

Causas comuns

  • Falta de estímulo motor na infância.
  • Sedentarismo prolongado.
  • Educação Física centrada apenas em desempenho esportivo.
  • Ambientes que reprimem a expressão corporal (como escolas muito rígidas).
  • Envelhecimento sem práticas de manutenção motora.

Exemplos práticos

  • Crianças que não sabem pular corda, correr com coordenação ou equilibrar-se.
  • Adultos que têm dificuldade em realizar movimentos simples como agachar ou alongar-se.
  • Idosos que perdem a autonomia por não reconhecerem seus limites corporais ou não saberem como se movimentar com segurança.

Por que isso importa?

O analfabetismo corporal afeta:

  • Saúde física: maior risco de lesões, dores, sedentarismo.
  • Saúde emocional: baixa autoestima, dificuldade de expressão.
  • Inclusão social: limitações em atividades coletivas, esportes, dança, etc.

Como combater?

  • Estímulo ao letramento corporal desde a infância.
  • Aulas de Educação Física para crianças, com foco em consciência corporal expressão, coordenação motora e aprendizagem das habilidades motoras básicas, não apenas em performance.
  • Práticas como yoga, dança, teatro, Pilates e atividades funcionais com foco na globalidade.

Valorização da diversidade de corpos e movimentos.

Outro dado alarmante!

No Basil cerca de 47% da população adulta é considerada sedentária, segundo dados do IBGE. Isto significa que quase metade dos adultos brasileiros não praticam atividade física suficiente para manter a saúde e um nível desejável de capacidade funcional. Entre os jovens, o número é ainda mais alto: 84% são considerados fisicamente inativos.

Uma realidade não muito boa

Por analogia, o Brasil tem milhares de analfabetos funcionais (vide conceito acima), mal sabem ler e escrever e, de forma similar,  milhares de analfabetos corporais (também funcionais, sob o ponto de vista neuropsicomotor), têm baixo nível de desenvolvimento das capacidades funcionais (endurance aeróbia/anaeróbia, potência, força, mobilidade/estabilidade, equilíbrio/estabilidade, coordenação motora global, percepção de corpo, principalmente) e dificuldades para realizar tarefas motoras básicas. Exercícios mais complexos, que requerem maiores níveis de coordenação motora, consciência corporal e mesmo de intensidades moderadas, eles não têm competência para tal.

Podemos dizer então: grande parte da população brasileira não tem LETRAMENTO CORPORAL.

ATENÇÃO!

No próximo artigo vou escrever sobre UM PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA O LETRAMENTO CORPORAL PARA ADULTOS IDOSOS.

Não perca!

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