Publicidade

[uam_ad id=”3500″]

Como tornar sua academia amigável para idosos

Colunista: Mauro Guiselini

Publicidade

A palavra ginástica vem do grego “gymnásion” (γυμνάσιον), derivada de “gymnos” (γυμνός), que significa “nu”. Isso porque, nas academias gregas, os exercícios físicos eram frequentemente praticados nu, como parte da cultura da época. Gymnásion também era o nome do local onde os jovens treinavam tanto o corpo quanto a mente, combinando exercício físico, filosofia, música e educação cívica. Na prática, “ginástica” significava:

  1. Treinamento físico completo: incluindo corrida, salto, luta, lançamento de disco e dardo.
  2. Preparação para a guerra: o treinamento corporal era essencial para formar cidadãos guerreiros.
  3. Cuidado com o corpo: também ligado à estética e ao culto ao corpo.
  4. Disciplina e formação moral: a ginástica fazia parte da paideia, o ideal educacional grego que visava formar o cidadão completo.

A Ginástica, na Antiguidade, era muito mais que um exercício físico — era uma forma de educação integral, que unia corpo, mente e espírito.

Opa! Parece que, em pleno 2025, este conceito está mais atual do que nunca, muito embora nas atuais Academias (Centros de Fitness & Wellness), a Ginástica, enquanto modalidade de exercícios, raramente aparece como alternativa de treinamento; hoje são muitas modalidades de exercícios com foco na promoção da saúde e bem-estar, estética e desempenho, diria… não muito diferente da época dos Gregos.

Atualmente, temos as academias digitais, aplicativos, aulas online e realidade aumentada, a inclusão de públicos diversos: terceira idade, pessoas com deficiência, gestantes e enfoque em saúde preventiva, mobilidade e qualidade de vida.

Academia intimida?

Para a grande maioria das pessoas, em especial os idosos, o ambiente da Academia de Ginástica parece não ser muito confortável, amigável, acolhedor… Isto é uma verdade ou é um falácia?

Prevalência de jovens bem treinados (o que é fantástico), corpos musculosos com pouca gordura, exibindo uma estética invejável, diferente da grande maioria das pessoas (obesas), aulas com músicas ensurdecedoras (compatível com o interesse dos praticantes) e complexas e, de certa forma, intensas, recomendadas para pessoas bem treinadas, na maioria das vezes, na sala de musculação, a atenção é voltada para aqueles que “menos precisam, pois já sabem treinar” é a realidade (triste não?).

Idosos, obesos, destreinados, sedentários com disfunções e déficits neuromotores precisam de uma atenção especial, se faz necessário “quebrar as objeções com relação à prática do exercício físico”. Este é um discurso que se arrasta por muitos anos, evoluímos muito nas instalações, arquitetura, equipamentos que interagem com o praticante, modalidades de exercícios de eficácia comprovada para aumento da massa muscular e diminuição da massa gorda, softwares de controle, métodos de treinamento de alta intensidade para resultados a curto prazo…sem contar, é claro, com a integração da IA no universo FITNESS.

Um fato interessante!

Alguns anos atrás, em conversa com o Prof. Dr. Arthur Kaufman, médico psiquiatra da Faculdade de Medicina da USP, especializado em Transtornos Alimentares, que foi meu aluno/cliente durante quase 30 anos (seguimos amigos e ele continua treinado no Club Hebraica diariamente) ele fez o seguinte relato:

“Frequentemente escuto dos meus pacientes, no momento em que recomendo a prática do exercício físico regular como componente importante do tratamento, junto com as sessões de terapia (e em alguns casos medicamentos – recomendo em último caso), o seguinte: ‘Dr. Arthur, academia não é lugar para mim, só tem pessoas magras, musculosas, bem treinadas, desocupadas… pois ficam horas treinando. Estive algumas vezes tentando, não tive a atenção que gostaria, aulas difíceis, professores dão mais atenção às bonitas(os). Parece que a academia é um lugar de jovens, bonitos, desocupados (ficam muito tempo treinando), bem condicionados… eu sou o oposto – gordo(a), ocupado, destreinado! Não é um lugar para mim.’”

Vamos tornar a academia AMIGÁVEL!

Tornar uma academia amigável para idosos é uma excelente iniciativa para promover a saúde e o bem-estar dessa população crescente e, sem dúvida, é um grande desafio para os Gestores e Profissionais de Educação Física: romper alguns paradigmas que perduram durante muitos anos. Atualmente, temos uma grande ajuda dos meios de comunicação dos profissionais da área da saúde (Medicina, Nutrição, Psicologia, Fisioterapia e Educação Física) que a todo instante estão promovendo a importância do exercício físico regular: prevenção de doenças relacionadas ao sedentarismo, manutenção da capacidade funcional para o desempenho das tarefas diárias (funcionalidade), reabilitação de disfunções musculoesqueléticas e cardiometabólicas e desempenho motor, esportes recreacionais e de alta performance. Está mais do que provada a eficácia do treinamento por meio de exercícios, em especial para os idosos, são milhares de estudos comprobatórios. Diante de tais evidências, URGE mudanças estruturais e pedagógicas para que as objeções e barreiras sejam quebradas e tenhamos os idosos inseridos nos programas de exercícios.

O idoso precisa de um programa: atendimento com acolhimento, conectividade e alegria.

Não raro, escutamos dos Consultores de Academias que “não vendemos exercício, vendemos uma experiência com resultados de sucesso, um programa que consiga encantar o aluno/cliente, não só o envolver, mas, acima de tudo, mantê-lo ativo”. Isto significa que se faz necessário um ajuste estrutural para que tal fato aconteça, mudar é preciso, romper barreiras, sair da mesmice. Realmente não existe uma fórmula matemática que consiga, a curto prazo, resolver esse problema crucial.

Listei, alguns aspectos que acredito ajudar nesse desafio; é o que aprendi estuando, praticando, cuidando de pessoas nos últimos 58 anos. São itens, inclusive, referenciados na literatura.

  1. Ambiente acessível e seguro
  • Rampas e corrimãos: garantem acessibilidade desde a entrada até todas as áreas internas.
  • Pisos antiderrapantes: reduzem o risco de quedas.
  • Boa iluminação: evita tropeços e melhora a orientação no espaço.
  • Banheiros adaptados: com barras de apoio e espaço suficiente para mobilidade.
  1. Equipamentos adequados
  • Aparelhos com ajustes fáceis: para adaptar carga e posição rapidamente.
  • Cadeiras ergonômicas e equipamentos com encosto: para conforto e estabilidade.
  • Espaço para exercícios específicos: idosos precisam de áreas livres para exercícios funcionais, com foco na mobilidade e estabilidade, que complementam o trabalho de força.
  1. Profissionais qualificados
  • Profissionais com experiência em terceira idade, com características pessoais adequadas ao propósito: para oferecer acompanhamento com acolhimento.
  • Treinamento contínuo da equipe: sobre envelhecimento ativo, limitações e adaptações, programas de treinamento, modalidades de exercícios.
  1. Programas personalizados
  • Um sistema de avaliação funcional: para avaliar a capacidade funcional do idoso e orientar a prescrição de exercícios de acordo com seus objetivos e necessitadas.
  • Aulas voltadas para idosos: uma combinação de modalidades de exercícios tais como Musculação, Multifuncional, Pilates, Yoga, Hidroginástica, Tai-Chi.
  • Planos de treino individualizados: que respeitem limitações, histórico médico e metas pessoais.
  • Atividades em grupo: favorecem o convívio social e motivação.
  1. Atendimento humanizado
  • Paciência e escuta ativa: muitos idosos precisam de mais tempo e explicações claras.
  • Comunicação clara e respeitosa: evite termos técnicos e fale de forma simples.
  • Acompanhamento frequente: para ajustes no plano e prevenção de lesões.
  1. Ambiente social e confortável
  • Área de convivência: com bancos, bebedouros e café/chá, para promover interação.
  • Eventos e campanhas temáticas: caminhadas, palestras de saúde, aniversários e encontros.

Conclusão, nunca final!

A importância do Profissional de Educação Física

Sem dúvida, não é preciso justificar a importância do exercício para o idoso, diria “é chover no molhado”.  Está mais do que provado, por exemplo, a importância do treinamento de força, meios e métodos de treinamento consagrados, com eficácia comprovada, porém, na hora da aplicação prática, hora da verdade o grande protagonista é o Profissional de Educação Física que dever ter a denominada COMPETÊNCIA PROFISSIONAL; ter somente salas repletas de equipamentos de última geração, acessórios, arquitetura maravilhosa, preços convidativos, recepcionistas agradáveis de nada adianta se o atendimento, com acompanhamento, acolhimento e conectividade constante , não for conduzido por um profissional que tem no SEU DNA  o perfil para tal tarefa! A ATITUDE PROFISSIONAL vai ser a grande diferença!

“Quando tudo fica igual, a diferença está no SER HUMANO e, para cuidar do SER HUMANO, é preciso SER humano!”

Leia outros artigos

O que achou desse artigo?

Publicidade

Publicidade

Publicidade

REF&H
Enviar