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Preparando sua academia para receber a geração prateada em 2026

Colunista: Mauro Guiselini

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A realidade brasileira

Atualmente, o Brasil tem cerca de 34 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando aproximadamente 16,1% da população total. Alguns detalhes sobre o envelhecimento da população brasileira, segundo dados recentes da PNAD Contínua do IBGE, divulgados em agosto de 2025:

  • População total do Brasil: cerca de 211,9 milhões de pessoas.
  • Pessoas com 60 anos ou mais: 16,1% da população, o que equivale a aproximadamente 34,1 milhões de brasileiros.
  • Dentro desse grupo:11,2% têm 65 anos ou mais, o que representa cerca de 23,7 milhões de pessoas.

Tendência de crescimento

Em 2012, apenas 11,3% da população tinha mais de 60 anos.  A projeção para 2070 é que 37,8% dos brasileiros terão mais de 60 anos, totalizando cerca de 75,3 milhões de idosos.

Implicações dessa mudança demográfica

  • Aumento da demanda por serviços de saúde e bem-estar voltados para idosos.
  • Maior interesse em programas de atividade física adaptada para essa população, como Pilates, Musculação, Treinamento Funcional, Hidroginástica.
  • Oportunidade de mercado para produtos digitais voltados para os “longevos”, como apps de exercícios, cursos online e comunidades de envelhecimento ativo.

Tendência Mundial – Posicionamento do ACSM

Anualmente, o ACSM (American College Of Sports Medicine) divulga as tendências do fitness para o próximo ano. Em 2025 não foi diferente. O relatório é baseado em 2.000 clínicos, pesquisadores e profissionais de exercícios do setor fitness e neste ano trouxe um novo formato, inserindo não apenas a tendência, mas a aplicação prática dela. Essas tendências são primordiais para que investidores do setor fitness, gestores e CEOs da academia entendam para onde o mercado está caminhando e tomando decisões estratégicas. Entre as 10 primeiras tendências para 2025, programas de desenvolvimento da capacidade funcional de adultos/idosos – 65+ ocupa o 2º lugar.

A geração dos baby boomers inclui 27 milhões de brasileiros, todos terão mais 65 anos em 2030, intensificando a demanda por opções de exercícios físicos adequados à idade e baseados em evidências. De acordo com o Relatório de Saúde e Fitness do Consumidor dos EUA de 2023 da IHRSA, adultos com 65 anos ou mais frequentam academias e estúdios com mais frequência do que qualquer outra faixa etária.  Segundo um relatório de 2024, programas identificados como “funcionais”, de “baixa intensidade” ou voltados ao “envelhecimento ativo” costumam ter maior adesão daqueles classificados como “fitness sênior”. O movimento indica uma demanda crescente, mas também destaca a necessidade de planejamento adequado, profissionais bem-preparados e estruturas acessíveis. 

E você, Gestor, Profissional de Educação Física, está preparado para o futuro?

A seguir, minhas sugestões para ajudá-los, resultado do que aprendi ao longo de 58 anos cuidando de pessoas, em especial os adultos/idosos. As informações estão apoiadas nas minhas experiências atuais, como Supervisor e Orientador do Programa PLATINUM Longevidade Saudável da Cia. Athletica 111, São Paulo.

Como criar um Programa de Treinamento para os 60+

Para criarmos um Programa de Treinamento para os 60+Prateados, é importante fazer uma breve análise sobre os vários componentes da academia, enquanto um ambiente que está ou vai receber uma população que apresenta algumas características diferentes dos usuários tradicionais. Entre várias, uma delas se diz respeito à Competência Motora – já escrevemos em artigos anteriores sobre o Letramento Corporal; recomendamos a leitura para sua maior compreensão. A seguir, relacionamos alguns pontos que consideramos importantes:

1. Sobre a avaliação morfológica e da capacidade funcional

Um fato interessante: os gestores da grande maioria das academias comentam que “não tem um programa de Avaliação para os alunos tendo em vista a grande quantidade que ingressam mensalmente, é praticamente impossível atendê-los de forma individualizada”. Realmente é um argumento compreensível, no entanto, sob o ponto de vista pedagógico, elaborar um programa de treinamento sem um “diagnóstico prévio” é questionável; mas enfim, é a realidade. Assim, o critério adotado é elaborar o treinamento em função das suas metas/objetivos.

2. Avaliação morfológica e funcional para os 60+

Para os “60+Prateados” recomendamos utilizar um Programa de Avaliação Morfofuncional, será mais fácil a sua implementação considerando que o número de “alunos/clientes 60+”, em um primeiro momento, não será tão grande. O Protocolo Avaliação Multifuncional que elaboramos, é composto dos Testes SPPB: Short Performance Physical Battery, Senior Fitness Test, Teste de Estabilidade Unipodal e Teste de Força de Preensão Manual. Eles fornecem informações importantes para a prescrição de treinamento para essa população. Avalia as Capacidades Biomotoras Potência de Membros Inferiores, Força de Resistência de Membros Superiores, Velocidade da Marcha, Endurance Aeróbica, Agilidade, Estabilidade e Mobilidade (ombros e quadris) e os resultados propiciam a prescrição de treinamento de acordo com evidências.

3. Sobre a Musculação

Na sala de Musculação, pelas suas características, é mais fácil individualizar o treinamento; a complexidade dos exercícios realizados nas máquinas é “mais baixa”, comparando com os exercícios com peso corporal e acessórios (para alguns exercícios livres), elas facilitam a execução e o controle das variáveis (a intensidade, volume, séries, repetições, métodos de treinamento). Depois de algum tempo, o aluno já é capaz de realizá-los de forma autônoma sem, necessariamente, ter o professor o tempo todo ao seu lado. O desafio é estabelecer os prazos para as mudanças do treino, o que atualmente, pela existência de aplicativos, tornam esse processo mais fácil.

4. A Musculação para os 60+

O Programa de Musculação para os 60+ tem como foco o desenvolvimento das capacidades biomotoras relacionadas às demandas impostas pelo ambiente onde eles estão inseridos; a potência, força e estabilidade/equilíbrio aparecem como as primárias, têm relação com a sarcopenia, dinapenia, prevenção de quedas, entre outros objetivos. O Programa “Full Body”, provavelmente é o que mais atende os objetivos e necessidades dos 60+, com foco primário na funcionalidade, propicia a busca da autonomia e independência. Deve seguir as recomendações do ACMS (Colégio Americano de Medicina do Esporte) e OMS (Organização Mundial de Saúde) que orientam a prescrição específica de exercícios para essa população.

5. Sobre as Aulas Coletivas

Nas aulas coletivas, o desafio pedagógico é muito maior: alunos com diferentes níveis de capacidade funcional (endurance aeróbica/anaeróbica, potência, força, estabilidade/equilíbrio, mobilidade/flexibilidade, coordenação motora e consciência corporal) estão em um mesmo ambiente de treino. Nas aulas coletivas com exercícios de baixa complexidade como, por exemplo, a bike class (habilidades cíclicas) ou running class (habilidades cíclicas), o controle é mais fácil, o ajuste maior é na intensidade, cada aluno pode fazer o controle, adequando em função da sua capacidade funcional exigida pela aula. No entanto, aquelas com exercícios acíclicos (peso do corpo, acessórios e música), com mais complexidade, dificultam a participação de muitos cuja coordenação motora e consciência corporal não são bem desenvolvidas, motivo de muita crítica por alguns especialistas que tecem o seguinte comentário: ”as aulas coletivas não atendem a individualidade biológica do praticante”.

Na prática, nós observamos milhares de alunos participando das aulas coletivas de diferentes modalidades como, por exemplo, a hidroginástica.

6. As Aulas Coletivas para os 60+

As aulas coletivas para os 60+ devem ser elaboradas combinando exercícios com peso corporal e acessório; o auxílio da música é uma excelente estratégia, sendo aceita pela grande maioria, desde que a música seja agradável para o grupo (atenção na escolha do estilo de música). Deve ser dada atenção especial à complexidade dos exercícios, sendo bem provável que a grande maioria não tem experiências anteriores; a coordenação motora e, principalmente, a consciência corporal são capacidades biomotoras muito pouco desenvolvidas, para muitos a potência e força também. Controlar a complexidade e intensidade dos exercícios e respectivos métodos de treinamento é determinante para o sucesso das aulas coletivas. A integração socioafetiva, a sensação de pertencimento, de fazer parte de um grupo com o mesmo propósito também é muito relevante.  Precisamos de professores carismáticos, com energia, disposição, conhecimento técnico e alegria.

Uma Dica Pedagógica

Nesses 58 anos de grande aprendizado decorrente de horas e horas de estudo e muita, muita prática, consegui melhorar muito as minhas aulas coletivas – a Multifuncional PLATINUM, um dos componentes do Programa PLATINUM Longevidade Saudável da Cia. Athletica 111, é o resultado dessa jornada.

Uma grande mudança foi decorrente da aplicação dos 6 Princípios do Método Pilates – Centro, Consciência, Controle, Precisão, Fluidez e Respiração (Figura 1), foram incorporados nos vários exercícios, realizados com peso corporal e acessórios. Não sou Professor do Método Pilates, estudei a sua base, os princípios e como aplicá-los na prática; os resultados são, realmente, excelentes: a melhoria da consciência corporal, controle da respiração e coordenação motora foram marcantes, simultaneamente com a melhora das outras capacidades biomotoras – potência, força, endurance aeróbia/anaeróbia, mobilidade/flexibilidade, estabilidade/equilíbrio.

Vários alunos relataram que “melhoraram muito o desempenho em outras atividades que fazem, treinam na Musculação com muito mais consciência”.

Figura 1. Aula Multifuncional PLATINUM: aplicação dos princípios do Método Pilates

 Aprendi também que o Sucesso do Programa – eficácia – tem relação com os seguintes componentes (Figura 2), além, é claro da competência do Profissional de Educação Física que conduz o programa.

Figura 2. Componentes de um programa de sucesso

No próximo artigo vamos escrever sobre os Componentes do Programa de Sucesso.

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