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Monitoramento do(a) motivo(ação) para nadar

Colunista: Marcelo Barros de Vasconcellos

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A metodologia de Natação Monitorada1 propõe a utilização de formas não invasivas de registro e avaliação do aluno de natação desde o primeiro dia de aula (teste de aquacidade) até a performance nos nados, com ênfase no monitoramento sistemático e, sobretudo, menciona a importância de o professor de natação criar métodos para monitorar (acompanhar) tudo que envolve o aprendizado do aluno. 

Análise dos motivos para a prática de natação

Antes de se iniciar um programa de natação, o professor precisa fazer uma anamnese2 para saber qual foi o real motivo que levou o aluno a se matricular na atividade. De fato, é necessário entender como se deu a reunião das razões conscientes pelas quais alguém age de certa forma para querer nadar. Essas razões irão influenciar diretamente no aprendizado. 

Pesquisadores consideram que a natação é uma modalidade com cargas de treino muito elevadas; a prática desta pode estar associada ao sacrifício dos atletas que a praticam, ou seja, pode haver uma crença de que os atletas que praticam natação não o fazem por gosto, por “paixão”, mas sim por pressões externas3.

No entanto, quando se trata de não atleta, um estudo mostrou que os fatores relacionados à saúde foram os mais relevantes para a prática da natação por crianças e adolescentes asmáticos4.

Existe uma ferramenta chamada Instrumento de Diagnóstico da Adesão à Prática da Natação (IDAPRAN)5 que se aplica a um aluno novo adolescente, mas que já tenha feito aulas de natação antes. Apesar de ser um questionário longo, dependendo do perfil do aluno, pode ser aplicado para melhor diagnóstico. É um instrumento que serve para identificar os principais motivos que levam os adolescentes brasileiros não-atletas a iniciar e permanecer praticando natação.

O instrumento é composto por duas partes. A primeira envolve um questionário composto por perguntas objetivas com a finalidade de identificar as características do grupo investigado, além de uma pergunta para identificar os motivos que influenciaram os adolescentes a iniciar a prática da natação. E, na segunda parte, uma escala de opinião, composta de 40 itens agrupados em 17 categorias, para avaliar os motivos alegados pelo grupo para permanecer praticando natação.

Para a segunda parte, os autores usaram um escore como a média de pontos de cada categoria, de acordo com a seguinte escala de valores: 0 (zero) quando o informante indicou que o motivo era ‘nada importante’; 1 ponto quando o motivo foi considerado ‘mais ou menos importante’ e; 2 pontos para ‘muito importante’. Com o IDAPRAN é possível identificar porque o aluno continua nadando, por exemplo: porque a temperatura da água é agradável, as aulas são bem organizadas, é uma atividade física saudável etc.

Outra forma que pode ser utilizada para se verificar os motivos que levaram o aluno a procurar se matricular na natação é o teste de motivos para prática de natação4. O teste foi adaptado e é dividido em quatro categorias como demostrado a seguir:

Teste de motivos para a prática de natação

No Brasil, com o aumento do número de piscinas em residências, maior oferta de locais que oferecem aulas de natação e grande quantidade de praias, rios, lagos que podem ser usufruídos para banho, houve um aumento, nos últimos anos, de procura para matricular crianças em aulas de natação com objetivo de segurança aquática.  Diagnosticar os motivos que estimularam o aluno a entrar na natação ajuda o professor a planejar as aulas para atender os objetivos dele.

Imagem 1. Teste de motivos para a prática de natação

Se o professor identifica, por exemplo, que o aluno se matriculou na natação com motivações de segurança aquática, este profissional pode trabalhar suas aulas com objetivo, de forma específica, para melhoria de cada componente das habilidades aquáticas básicas (conteúdo procedimental). Assim como os conteúdos conceituais e atitudinais, que ajudam na construção de consciência sobre como lidar de forma preventiva no ambiente aquático e nunca subestimar o risco e superestimar a capacidade de nadar, sendo imprudente no meio líquido6.

Monitoramento da motivação

Após identificar os motivos que fizeram o aluno procurar a natação, agora é o momento de identificar o quão motivado ele está para começar a nadar. A motivação é uma característica psíquica que está diretamente ligada ao bom rendimento do aluno. A primeira aula é um momento muito importante na motivação: se o aluno for bem recebido pelo professor, sentir-se aceito no grupo e valorizado como pessoa, dará respostas positivas a todas as propostas que lhe forem apresentadas7.

Já a falta de motivação para uma ação não leva a um ótimo rendimento, mesmo quando se tem desenvolvido outras qualidades físicas. Somente a motivação é capaz de despertar o interesse e a atenção dos alunos, e, por conseguinte, levá-los a trabalhar com prazer, empenho e entusiasmo. Além disso, a motivação se destaca como o preditor relevante para que o aluno persista na prática da natação8.

O processo de medida e avaliação é necessário para motivar os participantes de um programa de natação. As pessoas precisam do desafio e do estímulo obtido a partir da avaliação de seu desempenho.

Assim, o teste de faces de nível de motivação é uma ferramenta que pode ser usada na avaliação diagnóstica do aluno novo na natação.   

Para realizar o teste, o professor deve marcar um “X” no nível de motivação que o aluno chegou no primeiro dia de aula para controle e avaliações comparativas futuras.                                     

Faces de nível de motivação

Imagem 2. Faces de nível de motivação

Se a fisionomia/expressão facial mais se assemelha a Imagem número 1, provavelmente ele está muito motivado; se parece com a Imagem 2, ele está pouco motivado; caso se pareça com a Imagem 3, ele está na expectativa do que pode acontecer, mas está indiferente, caso a expressão facial se pareça com o 4 ele está um pouco tenso e, se a sua fisionomia se parece mais com a Imagem 5, provavelmente ele está desmotivado a fazer a natação.

Conclusão

Cabe ao educador entender que cada aluno carrega um legado de experiência e conceitos sobre a atividade que ele vai realizar e que se deve conquistar o aluno e estimulá-lo até que ele tenha prazer em praticar a natação. Assim, em alunos iniciantes na natação, é importante identificar tanto o motivo que fez com que ele procurasse um local para iniciar esse esporte, quanto o nível de motivação desde o primeiro dia de aula. Com estes resultados em mãos, o professor pode monitorar, no decorrer dos meses, o desenvolvimento, nível de motivação e o quanto os objetivos dos alunos foram atendidos. O que todo professor deseja é que a frase dita pela Dory, no filem de animação “Procurando Nemo” (2003), se materialize na sua piscina com seus alunos em forma de “Continue a Nadar” para melhorar sua aquacidade e desenvolver uma maturidade que lhe permita vivenciar espaços aquáticos de forma segura e saudável.

Referências:

  1. Vasconcellos, Marcelo Barros. Natação Monitorada. Testes desde aquacidade até o nível avançado. Rio de Janeiro: Editora Paco; 2019.
  2. Vasconcellos, Marcelo Barros. Anamnese para natação e hidroginástica. Revista Empresário Fitness & Health. Edição 90. Junho de 2020.
  3. Cid L, Silva A, Monteiro D, Louro H, Moutão J. Paixão, motivação e rendimento dos atletas de natação. Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte. 2016; 11(1):53-58.
  4. Pereira EF, Teixeira CS, Villis JMC, Paim MCC, Sanchotene L, Daronco E. Fatores motivacionais de crianças e adolescentes asmáticos para a prática da natação. R. bras. Ci. e Mov. 2009; 17(3):9-17.
  5. Alves MP; Junger, Washington Leite; Palma, Alexandre; Monteiro, Walace David; Resende, Helder Guerra. Motivos que justificam a adesão de adolescentes à prática da natação: qual o espaço ocupado pela saúde? Rev Bras Med Esporte. 2007; 13(6):421-26.
  6. Vasconcellos Marcelo Barros; Macedo, Fernando Correa. Prevenção do afogamento com uso de conteúdos: Atitudinal, procedimental e conceitual. Latin American Journal of Development, Curitiba. 2021; 3(6): 3741- 54.
  7. Velasco C. Brincar: o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.
  8. Teixeira DS, Pelletier LG, Monteiro D, Rodrigues F, Moutão J, Marinho DA, L Cid. Padrões motivacionais em nadadores persistentes: uma análise de mediação serial. Eur J Sport Sci.2020 junho;20(5):660-669.

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